sábado, março 25, 2006

Autocrítica

Estando em amena cavaqueira com amigos confessava que tinha andado a aceder a um blog chamado Tonel de Diógenes, aquele o discípulo de Antístenes, o cão, que andava pelas ruas de Sínope de lanterna em punho. Achando eu que o termo Tonel era demasiado ostensivo para qualificar um blog dedicado a uma escola que fugia de todo o luxo e "mundanidade" (passo a expressão) atestava que seria incapaz de participar nesse sítio (a expressão que usei foi outra que não quero aqui reproduzir por pudícia) enquanto ele não se rebaptizasse de Barrica (ou Barril) de Diógenes, expressão que me parecia mais consentânea com a austeridade do citado blog. Qual foi portanto o meu espanto quando o Alexandre (que, como sabem, é a entidade patronal, os meus respeitos para ele que com o novo Código de Trabalho todo o cuidado é pouco) me convidou a fazer parte dos escribas. Encontrava-me eu num dilema idêntico ao da sentinela, que durante a noite, deixou penetrar o inimigo nas muralhas da cidade: se estivesse acordada, não devia ter deixado entrar o inimigo e como ele penetrou as muralhas o castigo era certo, se, por outro lado, estava a dormir, então devia ser castigada por não estar no seu posto, coitada da sentinela era emprego que eu não ambicionava. Ainda me ocorreu a ideia de que o Lula também tinha sido operário mas, digo-o com pena, podiam lembrar-me que hoje é o sumo obreiro da nação e, por essa razão, resolvi remeter-me ao silêncio.
Porém, com muito maior peso do que a razão atrás enunciada estava o facto de me ter jactado de gostar unicamente de comentar aquilo que os outros escreviam, tarefa mais cómoda e que desempenhei, com alguma intermitência, neste tonel e no blogcafe e, não contente com o facto, fazia alarde de um dia me tornar um comentador tão famoso como o Nuno Rogeiro ou o Marcelo Rebelo de Sousa (embora, devo dizer à puridade, seja incapaz de comentar o ténis, o golf, o jogo do botão e a corrida das caricas). E, devo penitenciar-me, esta razão calava fundo, tão fundo que o resultado teria que ser este texto que, à falta de melhor designação, intitulei de autocrítica mas que melhor poderia ser denominado autoexpiação.

5 Comments:

Blogger Mr. K said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

12:23 da manhã  
Blogger Mr. K said...

Uma dúvida eu tenho em relação ao Zê do shôr. O dito aparece porque te chamas Fischer ou é só para dar sainete?
Eu cá fico à espera de aprender com sua excelência a deixar de ser menos asno. Sempre tive uma certa esperança em poder vir a conhecer-te, parece que agora isso pode vir a ser possível.

12:25 da manhã  
Blogger Alexandre Dias Pinto said...

Tenha lá calma, Mr. K. O Xôr Z acaba de chegar, e já está a fazer fogo no homem. Quem não o conhecer, K, vai achar que o meu amigo é um mal-disposto nato ou um ressabiado. E eu, que já o conheço, sei bem que não é uma coisa nem outra (digo-o sem ironia).

2:46 da manhã  
Blogger Mr. K said...

Alexandre, quanto à questão do sainete, limitei-me a expressar a mesma dúvida que o Xôr Z havia expressado em relação à utilização do K.
Quanto à questão do asno, limitei-me a “falar” com o Z, colocando-me, humildemente, na categoria em que ele me inclui. E, nessa condição, resta-me, humildemente, aprender com os sábios.
Quanto ao resto, limitei-me a expressar o desejo de conhecer pessoalmente tão erudita figura.
Como vês, Alexandre, não se trata de “fazer fogo no homem”. Sem ironias.

Cumprimentos aos dois.

1:30 da tarde  
Blogger Xor Z said...

Xor K
As suas referências são uma pequena vendetta particular. Se é verdade que pronunciei aquelas frases elas apenas foram escritas após me incluir na categoria dos cães repetidamente (talvez por isso me sinta bem neste blog)e depois de me ter tratado despejadamente com aquela autoridade que... Bem, é melhor não continuar. Se calhar o melhor é começarmos tudo de novo, olá, com está? Prazer em conhecê-lo.
Os meus cumprimentos sem qualquer ponta de ironia
Z

7:56 da tarde  

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