terça-feira, março 28, 2006

Vladimir, o comunismo e os pecados mortais

Wladimiro Guadagno, alias, Vladimir Luxuria, travesti, comunista, futuro deputado e homónimo de Lenine vai se tornar o primeiro transgénero, sirvo-me da expressão porque ele se auto-denomina assim por não ser operado, deputado. Integrado como cabeça de lista do Partido Refundação Comunista às eleições que se vão disputar a 9 de Abril em Itália e, como se depreende, com largas hipóteses de ser eleito. Estas informações são recolhidas da peça que a edição de sábado do Público (25/3/2006) fornece.
A notícia valeria o que vale se a esta não fossem adicionados preciosos comentários dos quais me permitem pôr em relevo os seguintes:
Alexandra Mussolini, neta desse preclaro democrata que governou a Itália na primeira metade do século XX, asseverou que era “melhor ser fascista que maricas”. Destas palavras apenas podemos depreender que a descendente do Duce preferia que o candidato fosse fascista comunista em vez de maricas comunista. Ou será que pior ainda seria maricas fascista já que comunista e maricas é o seu estado actual.
Por outro lado, o líder de um pequeno partido católico (do qual, infelizmente, não nos é fornecida a nomenclatura) atesta que Luxúria é uma “Cicciolina ridícula”. Ora daqui só se pode inferir que: em primeiro lugar, a Cicciolina é homossexual e, em segundo lugar, não é ridícula. O homem será um adepto da ex-deputada e deusa do sexo? Sabemos que Cristo deve ter dito “crescei e multiplicai-vos” mas também temos de fonte segura que não lançou qualquer anátema contra os que crescem e não se multiplicam.
Por vezes tenho a sensação que é gente desta que, no caso das caricaturas de Maomé, defende a “liberdade de expressão”: Não foi um alto dirigente da Liga do Norte, partido italiano de direita, que mandou estampar as caricaturas em t-shirts?
Em resumo, a grande novidade não será a entrada, de forma ostensiva, de mais um pecado mortal num parlamento, talvez um que dele andava arrediço. Tenho de reconhecer que depois disto haverá gente que me apelidará de anti-democrata para não dizer fascista.
Mudando de assunto, porque é que será que cada vez mais me parece que o modelo, no sentido platónico do termo, da imprensa em Portugal é o Correio da Manhã.