O esvaziamento do CDS-PP
Embora possa carregar o ónus da prova perante alguns dos meus leitores declaro que me encontro deveras preocupado com o esvaziamento do CDS-PP. As últimas sondagens que atribuem ao partido da direita cerca de 3% do eleitorado têm carregado com algumas nuvens os dias ensolarados que temos tido, embora nem todos possam ter sentido o mesmo. Mas já estou a ver a impaciência aos saltos, a minha é óbvio, porque a do leitor ainda bem que não a enxergo, e por essa razão o melhor é explicar-me decentemente, se sou capaz de o fazer.
Tenho a convicção que o sistema exclusivo dos dois partidos é um mal para o regime democrático. Para que esse sistema funcione bem, mas que digo eu, parece que estou bêbedo, correcção: funcione de forma adequada é necessário que, à esquerda e à direita, existam os contrapesos imprescindíveis com uma representação popular que, sem ser demasiado aglutinadora, o seja o suficiente para poder, com propriedade, importunar o partido do governo e o maior partido da oposição.
Deste modo, votações mais ou menos significativas de BE, PCP ou CDS-PP revelam-se, no meu entender (embora já esteja a ouvir que se a minha preocupação passasse na alfândega, em relação ao bem geral do país, certamente nada havia a declarar), essenciais para que o sistema funcione, maldito bem que se vinha a intrometer novamente, ajustadamente.
Tenho a convicção que o sistema exclusivo dos dois partidos é um mal para o regime democrático. Para que esse sistema funcione bem, mas que digo eu, parece que estou bêbedo, correcção: funcione de forma adequada é necessário que, à esquerda e à direita, existam os contrapesos imprescindíveis com uma representação popular que, sem ser demasiado aglutinadora, o seja o suficiente para poder, com propriedade, importunar o partido do governo e o maior partido da oposição.
Deste modo, votações mais ou menos significativas de BE, PCP ou CDS-PP revelam-se, no meu entender (embora já esteja a ouvir que se a minha preocupação passasse na alfândega, em relação ao bem geral do país, certamente nada havia a declarar), essenciais para que o sistema funcione, maldito bem que se vinha a intrometer novamente, ajustadamente.
3 Comments:
Caro Z, o seu argumento faz sentido. No entanto, não posso deixar de ver a queda-livre do CDS-PP com agrado porque ele representa a verdadeira direita, elitista e catolicazinha, em Portugal (O PSD é centro direita). Logo, a agonia do PP tem de representar a agonia do projecto e do ideário conservador, e isso só me pode fazer rejubilar. Quanto à sua teoria (correcta!) dos contra-pesos, fiquemos com os da esquerda.
Em termos de espectro político nacional, o desaparecimento do PP só se revelará nocivo porque será o PSD a aglutinar os votos e o espaço político do partido de Portas. E haver um super-partido (único) de centro-direita é mau para os ideais progressistas e para as causas sociais. Mas... que disparate digo! O verdadeiro super-partido da direita de hoje é o PS-Realpolitik, o PS terceira via, blairista, capitalista, auto-intitulado "esquerda moderna".
Quanto à morte lenta do PP, há que dizer que os dirigentes do partido que estão no Parlamento são os responsáveis pelo que se está a passar. Abriram uma guerra civil pueril e terrorista com o líder, mostraram ser políticos irresponsáveis, agora paguem a factura com a sua morte política (espero!).
Peço desculpa mas não posso concordar consigo. Em questão de contrapesos eles são tão úteis à esquerda como à direita e, acho eu, não precisamos de simpatizar com eles. Certamente também não simpatizará com muitas atitudes e políticas do PC ou do BE? A sua ideia dos contrapesos exclusivos da esquerda quebra o equilíbrio que, na minha perspectiva, é o fundamental.
Caro Z:
Claro que, se formos falar genuinamente e seriamente, para que haja um equilíbrio ideológico e partidário saudável no espectro político português é conveniente que a direita assumida e a esquerda "mais à esquerda" (mas não radical) estejam representadas. Tenho de estar de acordo consigo.
O meu desabafo chistoso ia mais no sentido de dizer que gostava de ver a direita política tão pequenina quanto o possível. É que, como ouvi o Eduardo Lourenço dizer há uns anos, a mentalidade portuguesa e os nossos comportamentos são muito de direita; mesmo quando as pessoas se dizem e se imaginam de esquerda. Por outras palavras: a representação parlamentar não corresponde à posição ideológica da população nacional.
Em suma, se formos falar com seriedade, o amigo tem toda a razão. Eu quis apenas gracejar e sonhar com o definhar da mentalidade conservadora da população portuguesa.
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