sexta-feira, novembro 03, 2006

Dia dos Mortos

Este dia faz-nos pensar sobre o significado dos que já viveram e deixaram, ou não, a sua marca na sociedade. O culto dos mortos é, bem vistas as coisas, o culto da tradição e do passado. Veja-se, por exemplo, o revivalismo do pão por Deus. Não será a narrativa da história a descrição dos mortos? E daqueles que, por interposta pessoa, não se sintam atacados na sua dignidade com isso, pense-se na problemática dos arquivos da pide. Tudo isto nos faz pensar na pertinência da frase de Comte, asserção que qualquer tradicionalista não desdenharia, “os mortos comandam os vivos”…comandam?
Por outro lado, este dia faz-nos, também, reflectir sobre a precariedade do fio que nos prende à existência, servindo assim para uma meditação sobre a finitude humana e o sentido da existência. Questão que, bem vistas as coisas, poderia coincidir com a célebre frase de Albert Camus: “o sentido da existência é não ter sentido nenhum”…será?
De qualquer modo, que dia teria mais propriedade para se tornar o “dia da filosofia e da história”, se é que estas coisas, porque paradoxalmente o dia da ciência não as abarca (pois, na perspectiva dos nossos iluminados, só é ciência a ciência natural ou aparentada com ela) têm dignidade suficiente para aspirarem a um trezenta e sessenta e cinco avos do ano…terão?
No dia em que não tiver dúvidas escrevo um postal sobre isso…escreverei?
Merda, com tanta indecisão isto ainda aparece no dia seguinte.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Sim, por um lado o culto da tradição e do passado, mas por outro, quando os mortos nos são bem próximos, é também o culto do futuro, a promessa que fazemos a nós próprios de uma segunda vida em homenagem a quem nos deu tanto.

1:14 da tarde  

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