Sobre a representatividade (ou, porque gostam os partidos mais dos boys do que das girls e do que dos outros todos)
Parto do que é dito por Xor Z no post anterior e do veto presidencial para apontar, muito brevemente, o problema e a falácia da representatividade política, tal como ela é perspectivada na nossa democracia.
Tomemos o caso mais significativo: a composição da Assembleia da República (AR). A representatividade da AR é, teoricamente, geográfica - e não contesto que os diferentes distritos devam estar representados no Parlamento. Opta-se pelo critério geográfico, por ser mais fiável e aparentemente "mais justo". Prescinde-se de outro tipo de representatividade, que seleccionasse (também!) membros dos diferentes etnias, géneros, orientações sexuais e de outras categorias e identidades. Claro que este critério é mais escorregadio e mais falível. Mas aquele que temos não permite que os diferentes grupos sociais tenham voz (no Parlamento e noutros fóruns). Será possível que, por exemplo, não haja nenhum africano na AR a representar os interesses dos cidadãos da sua etnia, que é tão numerosa e que tanto necessita de ser defendida? (O africano do PP não conta porque não está lá para isso.)
Daí que as quotas apenas para as mulheres me pareçam falaciosas. A bem de uma renovação política e de uma verdadeira representatividade, teriam de ser os partidos a querer incluir nos seus grupos parlamentares, por iniciativa própria, membros dos diferentes grupos sociais. Mas só quem pode exigir isso aos partidos é a pressão da opinião pública e dos votos. E a classe média, infuente e hegemónica, não está para aí virada.
5 Comments:
Olá Alexandre
Creio ter uma solução.
A representatividade da A.R. é geográfica. Isto impede a representatividade dos larilas, das gajas e dos blacks entre outras coisas.
Ergo: pega-se nas outras coisas, nos blacks e nos larilas e pespegam-se com eles nuns distritos só para eles (não precisam de ser grandes).
Não sei se esta será uma solução final mas pelo menos é provisória.
abraço, A.S.
Não seria um bocado chato as mulheres irem viver em distritos só para elas?
Achei bastante piada a ambas as soluções. Vou tomá-las neste sentido: o humor é, assaz vezes, uma excelente forma de denúncia.
São ambos sempre bem vindos para vir comentar e debater no Tonel. Sobretudo se for para "amandar" umas valentes cacetadas.
Caro A.S.: não sei se nos conhecemos. (Conhecemo-nos?) Li ambos os comentários que escreveu (aqui e no alfinete). Vejo que partilhamos a simpatia pelo Diógenes. Abraço.
Viva adp,
A homosexualidade está lá...representada!... outras raças... há no PP(Naranda) e no PS...(A.Costa)...houve Asiaticos (R.Carneiro)... e nas cotas femeninas...hoje, com mais visibilidade... no PCP,Bloco Esquerda;Verdes...e o resto é para compor ataques do "maxchismo" Lusitano!... Quando a Regionalização for tomada a sério... A tia Alzira dos Azeites do Alentejo e a tia Toina da Lavoura do Douro (entre outras)...logo virão de rasgo até à cidade.
Volto a repetir, como já disse antes:
As quotas têm como unico propósito acabar com a falta de quórum na assembleia. Enquanto aquilo for um antro de homens ninguém lá põe os pés. Se puserem uma mulher aqui, outra ali, com olhar sensual e trajadas segundo os clichés fetichistas de qualquer homem é garantido que as faltas de comparência não se repetirão.
Enviar um comentário
<< Home