quinta-feira, março 06, 2008

Não arranjei nada adequado para poder dar título ao raio desta coisa

Do mesmo autor a quem rapinei, aqui atrasado, um texto, aqui vai outro, mais ou menos, do mesmo coturno. Desta vez é a história dum funcionário público que é deglutido por um crocodilo e inexplicavelmente continua vivo dentro das miudezas da alimária. Um amigo, por ele instruído, dirige-se ao seu chefe e tenta resolver a sua situação laboral, almejando uma pensão para a consorte (mas podia ser dum professor, neste caso, para fazer o jeito à nossa colega que nos escreve lá dos picos das suas montanhas alpinas). Pode ser que desta vez haja consenso acerca do seu autor, porém, ponderando bem, às vezes, o consenso pode resultar apenas no erro colectivo.
O dono do crocodilo ao “princípio, assustou-se muito, pensando que o crocodilo ia rebentar, mas logo que se convenceu de que estava tudo bem, ficou arrogante e muito satisfeito por poder duplicar os preços.
- Triplicar, talvez quadruplicar! O público agora vai afluir, olhe que os donos de crocodilos são gente esperta. Além disso, estamos na época das vacas gordas, em que o público tem vontade de se divertir.”
E voltando à carga o superior: “digo-lhe com toda a franqueza que o caso é extremamente complicado. É difícil de resolver, mas o mais prejudicial é que ainda não houve exemplo semelhante. Se houvesse um precedente, ainda teríamos ponta por onde lhe pegar. Mas, assim, que decisão se pode tomar?
- Uma vez que lhe foi destinado permanecer nas entranhas do monstro e, por vontade da Providência, com vida, não seria possível organizar as coisas de tal maneira que ele apresentasse o pedido de ser considerado ao serviço?
- Huumm… só se for em situação de gozo de férias e sem ordenado…
- Não, mas com ordenado?
- Com que fundamento?
- Situação de comissão de serviço.
- Qual e onde?
- Nessas mesmas entranhas, as entranhas do crocodilo… Para fins de informação, por assim dizer, para analisar os factos no terreno. É claro que seria uma inovação, mas é progressista e, ao mesmo tempo, mostraria o interesse pela iluminação…”
Depois de alguma reflexão, continua o chefe: “mandar um funcionário em comissão de serviço às entranhas de um crocodilo… que missões pode haver lá?
- Estudos da natureza, por assim dizer, no terreno, ao vivo. Hoje em dia estão em voga as ciências naturais, a botânica… Ele poderia viver lá e elaborar comunicações… sei lá, sobre a digestão, ou, simplesmente, sobre os costumes. Recolha de materiais, de factos.
- Ele comunicará os factos, por assim dizer, deitado. Será possível estar-se deitado no serviço? Seria mais uma inovação, ainda por cima perigosa; e, mais uma vez, não haveria precedentes. Se tivéssemos pelo menos um precedente, então sim, talvez pudéssemos arranjar uma comissão de serviço para ele.
- Mas também nunca tinham cá trazido crocodilos vivos…
- Huumm, pois! De acordo, esta sua objecção é justa e até poderia servir de base para o desenvolvimento ulterior do caso. Mas tenha em consideração que, se com o aparecimento dos crocodilos vivos começassem a desaparecer funcionários e se, depois de se encontrarem lá, no quentinho, começassem a exigir comissões de serviço só para estarem deitados… tem de concordar que isso seria um mau exemplo. Às tantas, todos tentavam meter-se lá para receber o ordenado sem fazer nada”

3 Comments:

Blogger Edelweiss said...

Claro que eu ia delirar muito mais com a versão do professor... mas pronto, está bem, podemos considerar que era um funcionário público / professor. Não me diga que existem mesmo professores, quero dizer, pessoas, que querem ganhar o ordenado sem fazer nada? Não acredito. Excelente título, muito adequado à história!
Ora bem: já temos o dragão do post do Pedro, agora temos o seu crocodilo, acho que vou avançar com qualquer coisa sobre iguanas.

12:15 da tarde  
Blogger Xor Z said...

Pois, o que é verdade é que estive para fazer a adaptção do texto, mas, esvaiu-se-me o ardor. As iguanas são mesmo suas? Tem-as no jardim ou construiu-lhes uma espécie de galinheiro? Seja como for são engraçadas, será que comem as alimárias voadoras?

12:38 da manhã  
Blogger Edelweiss said...

Estas iguanas moravam no mini zoo de um hotel em Punta Cana, onde passei umas feriazitas. Minhas não são, de certeza absoluta, que eu não gosto dessa malta esquisita. Só as vi comer vegetais, mas são meninas para darem umas dentadas nuns besouros saborosos.

7:33 da manhã  

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