"Tinhela, Chaves, 8 de Setembro de 1989"
« Cá ando a inventariar, numa ternura estrangulada, o Portugal remoto e arcaico que nos resta. Um Portugal sóbrio e digno, de solares arruinados e calçadas gastas pelos socos do tempo, que porfia na sua identidade profunda, a respirar a custo ao lado dum outro espalhafatoso e presumido que o nega de raiz e é apenas uma pátria de férias. (…)
A paisagem planáltica, de restolhos e carvalheiras, doirada pelo sol da tarde, abre-se majestosa em todas as direcções, soberanamente alheada do descalabro e profanação das povoações que a pontuam. E é na certeza da sua eternidade que sossego. As circunstâncias fazem e desfazem. Ela permanece. Sempre harmoniosa e sempre disponível para assimilar ou rejeitar as obras humanas que a mereçam e honrem ou não. »
Miguel Torga, Diário, vol. XV.
A paisagem planáltica, de restolhos e carvalheiras, doirada pelo sol da tarde, abre-se majestosa em todas as direcções, soberanamente alheada do descalabro e profanação das povoações que a pontuam. E é na certeza da sua eternidade que sossego. As circunstâncias fazem e desfazem. Ela permanece. Sempre harmoniosa e sempre disponível para assimilar ou rejeitar as obras humanas que a mereçam e honrem ou não. »
Miguel Torga, Diário, vol. XV.
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