"Ó Portugal, hoje és nevoeiro"...
WHO GOES WITH FERGUS?
WHO will go drive with Fergus now,
And pierce the deep wood's woven shade,
And dance upon the level shore?
Young man, lift up your russet brow,
And lift your tender eyelids, maid,
And brood on hopes and fear no more.
And no more turn aside and brood
Upon love's bitter mystery;
For Fergus rules the brazen cars,
And rules the shadows of the wood,
And the white breast of the dim sea
And all dishevelled wandering stars.
W. B. Yeats (1892)
Na leitura patriótica que este poema permite, Fergus (Fergus mac Róich), herói e rei mitológico de Ulster, representa a esperança do ressurgimento pujante da Irlanda numa época de "nevoeiro", de desorientação e em que a independência política não se afigurava possível (final do século XIX). Os quatro verso finais têm uma força exortativa admirável. (O poema é retomado por Joyce, no Ulisses, quando Stephen Dedalus o canta numa praia.)
Porque convoquei este poema de Yeats para este post? Porque Cavaco assumiu funções como PR e estou certo de que ele não será o "homem do leme" que vai ajudar Portugal a ser um país mais justo, mais fraterno e melhor para todos. Não terá para Portugal a força mobilizadora que, no poema de Yeats, Fergus tem para a Irlanda. Os portugueses precisam de elevar-se intelectualmente, de ser mais cívicos, menos provincianos, mais solidários e menos medíocres. Cavaco nem se apercebe que é de uma revolução de mentalidades desta índole o que mais necessitamos. E o que sabemos do novo PR é suficiente para concluirmos que ele não nos servirá de exemplo.
(A imagem, de autor desconhecido, representa Fergus mac Róich.)
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