Já não há assalariados?
Tendo-me deslocado a uma casa de repasto onde, com alguma frequência, apaziguo a fome à hora do dia e aproveitando, como sempre, aquele intervalo entre a demanda e a vinda dos morfes para ler algumas páginas daquilo que me ocupa, fiquei surpreendido porque a empregada, ao fim dum número razoável de vezes de me ver a consagrar aquele tempo a ler, me questionou, de forma simpática e ao fim de alguma conversa de circunstância, sobre o tema da obra que estava debruçada na mesa.
Tomei fôlego e respondi-lhe, partindo do princípio de que ela nunca teria ouvido falar de Proudhon, que lia um livro sobre Marx (ainda estive para acrescentar tendência Groucho, mas contive-me) e perante o seu espanto acrescentei aquele dos comunistas, da URSS, etc.
Ela, é verdade, abriu uma cara de compreensão mas eu, na minha perspicácia (passo o elogio), percebi que o nome nada lhe dizia e, felizmente, fui salvo pelo gongo, que é o mesmo que dizer pela comida.
No momento em que paguei a conta, sabendo que o patrão estava ali a dois passos, ainda estive tentado a explicar-lhe em que é que consistiam as mais valias.
Tomei fôlego e respondi-lhe, partindo do princípio de que ela nunca teria ouvido falar de Proudhon, que lia um livro sobre Marx (ainda estive para acrescentar tendência Groucho, mas contive-me) e perante o seu espanto acrescentei aquele dos comunistas, da URSS, etc.
Ela, é verdade, abriu uma cara de compreensão mas eu, na minha perspicácia (passo o elogio), percebi que o nome nada lhe dizia e, felizmente, fui salvo pelo gongo, que é o mesmo que dizer pela comida.
No momento em que paguei a conta, sabendo que o patrão estava ali a dois passos, ainda estive tentado a explicar-lhe em que é que consistiam as mais valias.
2 Comments:
Combinámos não entrar no elogio mútuo, mas tenho de o felicitar pelo post, Xor Z. O estilo está trabalhado de forma bastante humorística e a situação criada ficou excelente.
Tenho só que mostrar a minha decepção por não ter levado avante a sua acção doutrinadora e não ter convertido a pequena. Falava-lhe do barbudo do Capital (esperemos que não fosse confundido com o porteiro da discoteca da 24 de Julho) e mandava-a ir à Soeiro Pereira Gomes.
Já agora, que livro do Marx anda a ler. Eu reli há pouco o texto "Sobre a Questão Judaica". É mesmo muito bom!!!
(Antes que venha para aí alguém tratar-me por Camarada, devo avisar que não sou marxista, nem pós-marxista. Ok, talvez pós-pós-marxista, com pós gramscianos, pós althusserianos e pós bourdieuanos à mistura. Ganda cocktail.)
Caro Alexandre
Não ando a ler obras do próprio mas sim um texto do Georges Gurvich intitulado Proudhon e Marx, daí a referência ao Proudhon que, diga-se de passagem, neste momento me interessa mais.
Que tem feito? Talvez a gente se encontre um destes dias.
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