Variações sobre um tema
Dei a conhecer a um grupo de amigos aquele poema do Pedro Mexia que reza assim:
"Adoro o teu atendedor de chamadas.
Ele não me abandona nunca
e repete
vezes sem conta
a tua voz."
A emoção foi geral. E cada um deles resolveu propor uma variação sobre o tema, uma paródia do poema. Reúno aqui algumas glosas da composição:
Adoro a tua caixa de e-mail
porque posso
deixar-te mensagens
sem ter de
ver a tua focinharra.
Adoro falar contigo
no Messenger
porque posso desligar-te
na cara
e fingir que a ligação caiu.
Adoro a tua caixa do correio:
o teu marido ainda apanha
a carta que te mandei
e depois vem cá partir-me a cara.
Adoro falar contigo no skype:
os gajos da PT não ganham um tusto
e posso dizer-te impropérios
sem ouvir som de retorno.
Adoro olhar a tua fotografia
porque não falas
e não me chateias.
Imagem: fotografia da escultura Love, de Robert Indiana.
posted by Alexandre Dias Pinto at 11:45 da tarde
7 Comments:
Geniais os versos. No entanto penso que não se deve tratar uma mulher dessa maneira.
E que tal esta?
Adoro enviar-te mensagens para o telemóvel, porque tenho milhentas de graça e não gasto dinheiro na esperança que me respondas.
Muito bom e divertido, Ana.
............ mensagens à parte...
adoro a escultura! :)))
Um [].
De qualquer forma continuo a preferir o poema do Pedro Mexia:
"Adoro o teu atendedor de chamadas.
Ele não me abandona nunca
e repete
vezes sem conta
a tua voz."
A escultura, concordo com a Isabel, é magnífica.
Este comentário foi removido pelo autor.
uma bela maneira de expressar o que eu acho que tudo teria que ter tempo para escrever um pouco, especialmente esse tipo de coisa, eu acho que eu gostaria, em algum momento de escrever coisas como você, ou talvez para sentar e escrever em restaurantes de Moema
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