Sobre a vitória de Menezes nas directas do PSD
Aqui há uns tempos tive uma troca de ideias com o Xor Z sobre o enfraquecimento do PP - isto passou-se numa caixa de comentários do Tonel. Inebriado pelos vapores da esquerda, regozijei-me com o descrédito crescente do partido de Portas. Menos zombeteiro, Z (que, creio, não milita em partido de direita assumida) argumentou que um PP forte era necessário para a democracia portuguesa. Rosnei por piada; mas sabia que ele tinha razão.
Em tom sério venho agora comentar o resultado das directas do PSD. Creio que não fui o único a ficar surpreendido com o desfecho do sufrágio. E gostava de perceber o que se passou: como foi possível que Menezes tenha ganho quando não se trata uma figura convincente nem cativante e não se viu acompanhado dos "notáveis" do partido? Até a máquina partidária esteve contra ele! (E, sem eu saber bem o que se passou, até creio que terá havido algum fundamento na denúncia que ele fez a algumas irregularidade no processo eleitoral.) Uma outra adversidade que Menezes sofreu nos últimos dias foi ser sovado por a várias "altas" figuras do partido nos media quando ele ameaçou impugnar as eleições. E, apesar de tudo, Menezes ganhou!
Não sou PSD. Mas bato-me pela credibilização da vida política portuguesa. (A esperança de ver uma política credível em Portugal é que é cada vez menor.) Por isso creio que a eleição de Menezes para a Presidência do PSD será negativa para o país. Avanço apenas duas razões essenciais... outras há. Primeiro: é necessário que o PS de tendência liberal sinta a alternativa ideológica de um PSD forte, a quem Sócrates está a conquistar o espaço político e eleitoral. Menezes não saberá ser esse contrapeso ideológico e político porque das afirmações que dele ouvi fiquei com a ideia que este homem elementarmente pragmático não sabe o que é ideologia nem esfera política. (Trata-se de um político que pensa que a política não precisa da esfera das ideias.) O PS e a terceira via ficam assim com mais espaço para se expandirem; o polvo fica com tentáculos mais longos, asfixiantes... mais terrivelmente prepotentes. Em segundo lugar, Menezes é, como o seu amigo Santana Lopes, um franco-atirador da política. Não se lhe conhecem ideias sólidas para o país e as que lhe ouvi eram de uma infantilidade assustadora e impraticável. Por outro lado, Menezes revela uma visível inclinação para a demagogia e uma ânsia indisfarçável pelo poder. Mas estas não serão duas qualidades do governante sensato e esclarecido. Servirá Menezes para presidente do concelho de Gaia (?) mas nunca para presidente do Conselho de Ministros.
6 Comments:
Em suma, isto é uma espécie de "vira-o-mesmo" ou democracia da treta.Um PS que governa com um programa liberal e um PSD que governa com o mesmo programa liberal. Entre Sócrates, Mendes e Menezes a diferença está apenas nos boys que comem na gamela estado.
Caro Alexandre
Vejo que entendeu o que eu dizia acerca do PP. Neste momento, com um débil PP a que se vai juntar um debilitado PSD, com um PC e um BE que são o que são, só não temos um regime de partido único porque ainda não chegou esse tempo. Governantes com nomes começados por S (Salazar, Sócrates, Santana) estamos f... (fritos, é fritos que quero dizer). O que é um facto é que não milito em partido nenhum e, como você sabe, da direita uso a mão para escrever, que é a melhor aplicação que a ela diz respeito (sem ofensa para os canhotos).
PS - Será que podíamos acabar com esta merda da verificação de palavras? É cá uma chatice! Lá vou eu outra vez.
Caro Z:
Achei piada aos seus comentários, mas venho fazer a defesa da honra. Perdoe-me a piquinhice. Afirma o meu amigo Z: "Vejo que entendeu o que eu dizia acerca do PP." Eu sempre soube que o PP tinha o papel de contrapeso do espectro político nacional e de tampão face a ameaça de extrema direita. Não me leve a mal, Z, mas não foi o meu amigo que me iluminou nesse caso particular. (Outras coisas aprendi consigo, mas essa já a tinha eu percebido.) Agora, quem não se pela por ver aquele partidozeco de imbecis oportunistas a enterrar-se? Era inevitável que se aplaudisse o descrédito dessa gente. Aliás, quando estala o verniz no PP descobrem-se as incoerências, os elitismos lorpas, a hipocrisia e o lodaçal fétido que é a direita.
Bem, caro Alexandre, fui eu que fiquei com essa impressão mas se me perguntar porque só indo lá ver e espero que não me obrigue a esse esforço. De qualquer forma, como sabe, no caso do esvaziamento do PP e PSD o meu sentimento é um misto de alegria e tristeza, pelas razões já apontadas. Raios parta os governantes com nomes começados por S, é fugir deles como o diabo da cruz.
PS - e esqueci-me ainda daqueles dez anos do Silva.
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