Faleceu Vitoriano Rosa
Na passada sexta-feira, dia quinze de Fevereiro, faleceu o meu grande Amigo e colaborador deste blogue Vitoriano Rosa. Apresentei-o neste post e reenvio para lá o leitor para conhecer melhor o Homem de quem falo. Aí dei conta da sua luta anti-fascista, dos seus sete ofícios e dos seus mil interesses pela vida cultural, política e social bem como por questões humanitárias e humanistas. Recordo uma marca das suas convicções fortes: no comentário político e no vocabulário que usava, Vitoriano era uma hidra de sete cabeças pela sua veemência inquebrável.
Contava 76 anos de idade, vividos intensamente - sendo a vida intensamente vivida aquela em que as horas de existência são consumidas, usadas, sentidas e agarradas com fervor e ânsia, com alegria e prazer, quando não com dor e sofrimento. Terá sido assim a vida do Vitoriano, a fazer querer no que ele, os seus familiares e amigos me contaram. Foi também uma vida de crenças e de causas. Vitoriano Rosa foi certamente a pessoa que conheci que mais iniciativa e vontade de viver tinha - isto apesar de o ter conhecido já quando tinha entrado na casa dos setenta anos. Cada carta que me enviava, cada conversa telefónica e cada encontro eram brindados com uma, duas ou três propostas de projectos: desde passar uma semana ao Algarve, fazer uma revista, fundar uma editora ou ajudá-lo a realizar o seu maior sonho: construir no Algarve o Museu da Liberdade. Vitoriano era um sonhador mas não era irrealista: todos os seus projectos podiam ser exequíveis, houvesse vontade política para os tornar possíveis e companheiros para o ajudar. Mais, no caso do Museu da Liberdade, Vitoriano Rosa pensava mesmo doar terrenos seus no Algarve para facilitar a execução do projecto.
Eram impressionantes a sua energia, a sua iniciativa, a sua Generosidade e a sua capacidade sonhadora. Aprendi muito com ele sobre o Antigo Regime e sobre as várias historietas que passam à margem dos livros; mas com ele aprendi ainda mais sobre a Arte de Viver.
Curiosa foi a forma como nos conhecemos. Aproximou-nos a figura de um artista/intelectual esquecido: Roberto Nobre, que ele bem conheceu e admirou e cuja obra eu admirei e estudei. Como Nobre, Rosa era um Homem de carácter e de desprendimento pelas coisas pequeninas da vida. Homens assim, embora Grandes e Nobres, não têm vida fácil. São Homens de uma fibra que está a tornar-se essência rara. Trata-se de Homens que não se coadunam com esta nova era de pequenez mesquinha (perdoe-se-me o pleonasmo), de interesseirice parola e de desprezo pelo próximo. Por isso este mundo novo não tem espaço para os considerar nem para os tratar com justiça.
3 Comments:
Que resista na memória. E que se dê continuidade ao sonho.
Um abraço.
Caro Alexandre, embora não conhecesse o V. Rosa, apenas aquela meia dúzia de palavras que aqui escreveu, foi com sincero pesar que tomei conhecimento do seu trânsito. Por esse motivo quero aqui deixar as minhas condolências.
Um abraço
Cheguei a conhecer o senhor Vitoriano Rosa, grande homem e ainda melhor amigo do seu amigo.
É com grande pesar que tomei conhecimento desta notícia por outros amigos - e agora encontro-a neste blog. Mas é por estas e por outras (neste caso: estas publicações) que é imortalizado.
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