“Coimbra, 25 de Maio de 1982”
« Apesar da idade, não me acostumar à vida. Vivê-la até ao derradeiro suspiro de credo na boca. Sempre pela primeira vez, com a mesma apetência, o mesmo espanto, a mesma aflição. Não consentir que ela se banalize nos sentidos e no entendimento. Esquecer em cada poente o do dia anterior. Saborear os frutos do quotidiano sem ter o gosto deles na memória. Nascer todas as manhãs. »
Miguel Torga, Diário, vol. XIV.
Miguel Torga, Diário, vol. XIV.
2 Comments:
Recomeça....
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...
Cris:
Não seria possível um melhor comentário. Muito bem lembrado e muito obrigado.
(Um pequeno reparo: o ritmo hexassilábico e, até, o sentido mais forte do poema parecem requerer "ventura", em vez de "aventura": apesar de se não alcançar e de se ver frustrada ou lograda a ventura- não desistir nunca e recomeçar sempre porque, se se "nasce todas as manhãs", sempre há aventura. Não será assim ?
E o "sem pressa", nestes nossos dias parece-me ser muito de reparar.)
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