« Raras vezes tão preciosos dons pessoais esmaltaram a Coroa, como hoje em Portugal. O rei dá o exemplo de estudo, de gosto pelos prazeres intelectuais, naturalista e pintor apreciável, e até o exemplo do enrijamento físico que nos não é menos necessário. Quase todos têm que aprender com ele a amar por igual os exercícios do espírito e os do corpo, e a prepararem-se assim cabalmente, por meio de uns e de outros, a bem servir a Nação. Modesto no trato íntimo, a sua palavra tem vibração, sonoridade e calor em meio das assembleias solenes. Não fraquejando nunca nas situações difíceis, a sua coragem é simpática. »
Dr. Bernardino Machado (Em Abril de 1901 na revista O Instituto, de Coimbra.)
« Pobre, pobre D. Carlos!, quando se pensa que afinal era mais inteligente, e teve talvez virtudes superiores às dos seus adversários – e porque não dizer? – às dos seus cúmplices… »
Fialho de Almeida (c. 1908-1909.)
« Porque foi, por exemplo morto D. Carlos? É fora de dúvida que até os monárquicos receberam com alegria a sua morte. (…) E, no entanto, já hoje se pode afirmar sem erro que D. Carlos não foi morto pelos seus defeitos, mas pelas suas qualidades. (…) Só o assassinaram quando ele tomou a sério o seu papel de reinar, e quando, com João Franco quis realizar dentro da Monarquia o sonho de Portugal Maior.»
Raul Brandão (1919)
« Um rei pode matar-se com a mesma simplicidade com que se mata um cão, mas ninguém sabe ou calcula, quando se mata um rei, o que é que morre com ele… »
Agostinho de Campos (1924)
« Consciente da morte que rondava, el-Rei encontrou em si a trágica grandeza dos predestinados, dos que aceitam e cumprem o destino para além dos limites habitualmente humanos. Momento singularmente belo da nossa história é esse, em que a passo D. Carlos caminha para a morte transportando o ideal dum sacrifício, julgado talvez purificador e necessário.
« (…) Sobre o vozear dos homens e dos partidos, sobre a vergonha nacional e colectiva da mais ignóbil imprensa que algum dia se consentiu no mundo, Carlos de Bragança, solitário, abandonado, insultado e ameaçado, ergue-se como um avatar da Raça e da vontade de Portugal viver, e, último Rei que acredita na sua missão e no seu direito – luta e defende a Pátria contra a desorientação generalizada de todos. Caminha para a morte. Calmo, perfeito como Rei, magnífico como homem. Julga necessário o sacrifício da sua humanidade à condição de Rei que o destino lhe deu. Julga que a Pátria doente reencontrará no sangue derramado, o valor dos símbolos da lealdade, da fidelidade, da aliança dinástica.
« (…) O chamamento de Portugal dilacerado encontrou eco na alma e na vontade do Rei. Atento à profunda necessidade do povo, D. Carlos buscou desesperadamente o processo de reatar o fio quebrado da legitimidade, a imensa compreensão e o acto de amor que levara a Dinastia a fazer Portugal e Portugal a perpetuar a Dinastia.
Perdido esforço. Inexorável, o destino marcava a hora do desvario da Grei. O sacrifício de El-Rei perder-se-ia totalmente na total resignação dos que aceitam, porque já em nada acreditam, ou dos que receiam sempre, porque o medo lhes esmigalha as almas. Porque o que há de mais angustioso do drama nacional do Regicídio, é como tudo se torna inútil e perdido, como Portugal se some tragado no abismo dos desvios históricos e improvisados. »
Francisco de Sousa Tavares (1957)
« Foi um dos mais inteligentes e capazes reis do seu tempo. »
Rui Ramos (2007)
O príncipe real D. Luís Filipe a D. José de Almeida, marquês de Lavradio (antes de 1908):
« Quando vou com meu pai, levo sempre a mão no revólver. Se alguém atentar contra ele, atiro-lhe; mas se, por fatalidade, não chegar a tempo, mato-o. »
Este revólver foi achado caído entre os bancos do landau real, com sinais de fogo no cano e menos quatro dos seis cartuchos com que tinha sido carregado nessa manhã de 1 de Fevereiro.
Para além de dois dos regicidas, cujos nomes são conhecidos, não quero passar em silêncio estes, todos inocentes:
João Sabino da Costa, empregado de ourivesaria: morto no local;
Francisco Irioyen, músico; Manuel Martins da Silva, tipógrafo; Guilherme Ricardo Mota, empregado do comércio: espancados e presos por populares e pela Guarda;
Bento Caparica, cocheiro; Henrique Alves Valente, soldado de infantaria; Francisco Figueira Freire, tenente de cavalaria: feridos por balas dos regicidas.
Dr. Bernardino Machado (Em Abril de 1901 na revista O Instituto, de Coimbra.)
« Pobre, pobre D. Carlos!, quando se pensa que afinal era mais inteligente, e teve talvez virtudes superiores às dos seus adversários – e porque não dizer? – às dos seus cúmplices… »
Fialho de Almeida (c. 1908-1909.)
« Porque foi, por exemplo morto D. Carlos? É fora de dúvida que até os monárquicos receberam com alegria a sua morte. (…) E, no entanto, já hoje se pode afirmar sem erro que D. Carlos não foi morto pelos seus defeitos, mas pelas suas qualidades. (…) Só o assassinaram quando ele tomou a sério o seu papel de reinar, e quando, com João Franco quis realizar dentro da Monarquia o sonho de Portugal Maior.»
Raul Brandão (1919)
« Um rei pode matar-se com a mesma simplicidade com que se mata um cão, mas ninguém sabe ou calcula, quando se mata um rei, o que é que morre com ele… »
Agostinho de Campos (1924)
« Consciente da morte que rondava, el-Rei encontrou em si a trágica grandeza dos predestinados, dos que aceitam e cumprem o destino para além dos limites habitualmente humanos. Momento singularmente belo da nossa história é esse, em que a passo D. Carlos caminha para a morte transportando o ideal dum sacrifício, julgado talvez purificador e necessário.
« (…) Sobre o vozear dos homens e dos partidos, sobre a vergonha nacional e colectiva da mais ignóbil imprensa que algum dia se consentiu no mundo, Carlos de Bragança, solitário, abandonado, insultado e ameaçado, ergue-se como um avatar da Raça e da vontade de Portugal viver, e, último Rei que acredita na sua missão e no seu direito – luta e defende a Pátria contra a desorientação generalizada de todos. Caminha para a morte. Calmo, perfeito como Rei, magnífico como homem. Julga necessário o sacrifício da sua humanidade à condição de Rei que o destino lhe deu. Julga que a Pátria doente reencontrará no sangue derramado, o valor dos símbolos da lealdade, da fidelidade, da aliança dinástica.
« (…) O chamamento de Portugal dilacerado encontrou eco na alma e na vontade do Rei. Atento à profunda necessidade do povo, D. Carlos buscou desesperadamente o processo de reatar o fio quebrado da legitimidade, a imensa compreensão e o acto de amor que levara a Dinastia a fazer Portugal e Portugal a perpetuar a Dinastia.
Perdido esforço. Inexorável, o destino marcava a hora do desvario da Grei. O sacrifício de El-Rei perder-se-ia totalmente na total resignação dos que aceitam, porque já em nada acreditam, ou dos que receiam sempre, porque o medo lhes esmigalha as almas. Porque o que há de mais angustioso do drama nacional do Regicídio, é como tudo se torna inútil e perdido, como Portugal se some tragado no abismo dos desvios históricos e improvisados. »
Francisco de Sousa Tavares (1957)
« Foi um dos mais inteligentes e capazes reis do seu tempo. »
Rui Ramos (2007)
O príncipe real D. Luís Filipe a D. José de Almeida, marquês de Lavradio (antes de 1908):
« Quando vou com meu pai, levo sempre a mão no revólver. Se alguém atentar contra ele, atiro-lhe; mas se, por fatalidade, não chegar a tempo, mato-o. »
Este revólver foi achado caído entre os bancos do landau real, com sinais de fogo no cano e menos quatro dos seis cartuchos com que tinha sido carregado nessa manhã de 1 de Fevereiro.
Para além de dois dos regicidas, cujos nomes são conhecidos, não quero passar em silêncio estes, todos inocentes:
João Sabino da Costa, empregado de ourivesaria: morto no local;
Francisco Irioyen, músico; Manuel Martins da Silva, tipógrafo; Guilherme Ricardo Mota, empregado do comércio: espancados e presos por populares e pela Guarda;
Bento Caparica, cocheiro; Henrique Alves Valente, soldado de infantaria; Francisco Figueira Freire, tenente de cavalaria: feridos por balas dos regicidas.
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