"Pampilhosa da Serra, 25 de Novembro de 1979"
« Ao cabo de muitos e afanosos anos a percorrer Portugal – as suas mais recônditas aldeias visitadas, as suas mais secretas intimidades surpreendidas - , chego à triste conclusão: de tudo o que fomos, restam-nos apenas a paisagem e a língua. O resto foi-se. As rodas e as asas do progresso, a rádio, o cinema, a televisão, a onda de retornados e o fluxo e refluxo de emigrantes subverteram e desfiguraram irremediavelmente a nossa realidade social e cultural. Usos e costumes pervertidos, arquitectura adulterada, memória perdida dos valores ancestrais. Terras que conheci arcaicas há uma meia dúzia de anos, estão hoje irreconhecíveis. E quem queira encontrar ainda em qualquer parte testemunhos da nossa identidade tem de olhar os panoramas e de ouvir falar. O chão e o verbo. Só neles persiste a pátria primordial como latência e vestígio. »
Miguel Torga, Diário, vol. XIII.
[ O chão e o verbo. Seja-me permitido ilustrar este apontamento breve de Torga com as brevíssimas imagens que ficam em baixo, colhidas por Diário XXI há um ano em Alpedrinha, Beira Baixa. Bastam para ilustrar isto: o que “neles persiste”. ]
Miguel Torga, Diário, vol. XIII.
[ O chão e o verbo. Seja-me permitido ilustrar este apontamento breve de Torga com as brevíssimas imagens que ficam em baixo, colhidas por Diário XXI há um ano em Alpedrinha, Beira Baixa. Bastam para ilustrar isto: o que “neles persiste”. ]
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