sexta-feira, março 10, 2006

Dois pesos, duas medidas... e uma lata do caraças!


A administração americana publicou os seus relatórios anuais sobre as “práticas dos direitos humanos” noutros países; isto é, nos Estados que o americanos consideram “não civilizados”... que são todos os Estados do mundo à excepção dos próprios EUA. Escusado será dizer o que todos já sabem: a administração americana não revela os seus próprios relatórios sobre os desrespeito pelos Direitos Humanos cometidos pelas autoridades no seu território ou no estrangeiro. (Digo que não revelam os relatórios porque obviamente eles existem.)
Mais do que os relatórios em si, é o acto de redigir e publicar avaliações sobre o respeito ou o desrespeito dos restantes países pelos Direitos Humanos e é o gesto de consagrar essas avaliações como a referência número um sobre o assunto que se revelam inacreditáveis, inaceitáveis, inconcebíveis, imperdoáveis quando sabemos que os Direitos Humanos são diariamente atropelados grosseiramente pela Administração e pelas restantes autoridades americanas. Sou da opinião que os media portugueses (melhor, os de todo o mundo) deveriam ignorar e não fazer qualquer alusão a tais documentos, que são, pela contradição que os mina, afrontosos para a Humanidade.
Aqueles que passarem os olhos pelos relatórios verão que, em relação a Portugal, se elogia o governo por permitir que as cadeias sejam visitadas por observadores internacionais. Ah, sim? E porque não se faz o mesmo em Guantanamo se essa é uma “boa prática”? É também referido que, se for solicitado, os julgamentos criminais podem em Portugal ter um júri. Isto é extraordinário! É como se o único modelo de justiça que houvesse fosse o americano, que, mais ainda, nada tem de justo! (Quem não tem dinheiro não pode ganhar uma causa judicial nos EUA!)

E já nos esquecemos o que há de contraditório (e de injusto e de inaceitável) na imunidade que os EUA exigem para os seus cidadãos face a acusações do Tribunal Penal Internacional? É como se na Humanidade houvesse cidadãos de primeira, os americanos, e cidadãos de segunda.