O humor dos poetas barrocos
O poema que se segue é do poeta barroco D. Tomás de Noronha. Quem disse que tudo no Barroco era morte, pó, tempo a fugir e fragilidade da condição humana?
Pragas se chorar mais por uma dama cruel
Não sossegue eu mais que um bonifrate,
De urina sobre mim se vase um pote,
As galas que eu vestir sejam picote,
Com sede me dêem água em açafate,
Se jogar o xadrez, me dêem mate,
E jogando às trezentas, um capote,
Faltem-me consoantes para um mote,
E sem o ser me tenham por orate,
Os licores que beba sejam mornos,
Os manjares que coma sejam frios,
Não passeie mais rua que a dos fornos,
E para minhas chagas faltem fios,
Na cabeça por plumas traga cornos,
Se os meus olhos por ti mais forem rios.
D. Tomás de Noronha, Fénix Renascida, V
(Recomendo a leitura do livro de Abel Barros Batista e Gustavo Rubim, Importa-se de me emprestar o Barroco?, Lisboa, Cotovia, 2003.)
Pragas se chorar mais por uma dama cruel
Não sossegue eu mais que um bonifrate,
De urina sobre mim se vase um pote,
As galas que eu vestir sejam picote,
Com sede me dêem água em açafate,
Se jogar o xadrez, me dêem mate,
E jogando às trezentas, um capote,
Faltem-me consoantes para um mote,
E sem o ser me tenham por orate,
Os licores que beba sejam mornos,
Os manjares que coma sejam frios,
Não passeie mais rua que a dos fornos,
E para minhas chagas faltem fios,
Na cabeça por plumas traga cornos,
Se os meus olhos por ti mais forem rios.
D. Tomás de Noronha, Fénix Renascida, V
(Recomendo a leitura do livro de Abel Barros Batista e Gustavo Rubim, Importa-se de me emprestar o Barroco?, Lisboa, Cotovia, 2003.)
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