sábado, setembro 23, 2006

Bendita Ministra!

Ao fim do carro de anos que já levo desesperava por ver levar à efectividade, uma vez que fosse, uma determinação do governo que me alegrasse o espírito e, pensava já, que antes dos meus ossos serem amortalhados a bem da higiene ou lá do que é, não teria o contento de assistir a uma decisão do executivo da qual se pudesse exclamar: benza-te Deus.
Pois é verdade, esses dias de amargura terminaram graças à determinação, codícia e pertinácia duma ministra, que até à data (de ser ministra entenda-se) era quase desconhecida e hoje já justifica uma estátua roubando o lugar a Camões ou, no mínimo, um lugar no Panteão Nacional.
Mas perguntam agora os amáveis leitores: afinal que resolução foi essa? Respondo eu, o fim dos exames nacionais de Filosofia que serviam para o acesso a 357 cursos de ensino nacional. Bendita Ministra!
A partir de agora quem quiser cursar Filosofia, mera hipótese académica, pode fazer a prova de acesso de corte e costura. Bendita Ministra!
Penso que estejam em preparação, segundo me confidenciou fonte bem informada, outras acções em complemento como: para os futuros advogados provas de acesso em bricolage. Bendita Ministra!
Para aqueles que pretendem acessar (vá lá uma brasileirice, pois para a admissão ao curso de língua portuguesa vai passar a ser necessário correr 100 m em 20 segundos) ao curso de medicina é fundamental o sétimo ano de praia (sendo facultados aos alunos do interior o sétimo ano de praia fluvial ou piscina) ou, em opção (mas só com o aval das instituições para as quais pretendem concorrer), em turismo. Bendita Ministra!
Para os que querem frequentar História é imperioso que sejam destros no jogo do pião. Bendita Ministra!
Não vou continuar porque legislação regulamentar vai ser despachada a preceito e os mais curiosos, certamente, estarão em pulgas para a compulsar. Bendita Ministra!

2 Comments:

Blogger Alexandre Dias Pinto said...

Bem apanhado! E qual será o curso que pedirá, como exame de acesso, prova prática de educação sexual?

6:49 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Xor Z,

Não descurando todas as outras hipóteses que colocou como acesso aos mais variados cursos, quero aqui salientar a de corte e costura para os nossos futuros filósofos. Os tempos são de guerra e nunca se sabe quando é que um filósofo, findo o curso, será chamado a defender a pátria europeia. E depois terá de saber como pregar botões na farda...
Eis do que só uma ministra se poderia lembrar, a exemplo da senhora Tatcher que dizia que governar um país não era diferente de governar uma casa...


Alexandre, está-se mesmo a ver: os de teologia ou de informática. Ambos têm fácil acesso às mesmas fontes. Reais ou virtuais não estigmatizam a nota...

5:40 da manhã  

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