'Book Cell', de Matej Krén
Vi ontem no Centro de Arte Moderna (CAM) da Função Calouste Gulbenkian uma obra de arte contemporânea que deslumbra os mais cépticos e impressiona os mais insensíveis. Como acontece com toda a arte, a experiência estética só funciona quando é experienciada, quando temos o corpo a corpo com o objecto artístico. Tal significa que a minha descrição não dará conta da emoção sentida quando somos envolvidos (neste caso, literalmente envolvidos) pela obra de arte em causa.
A peça em questão, intitulada BookCell, é da autoria do artista checo Matej Krén e está plantada no átrio do CAM, ao acesso de todos (a fotografia em epígrafe veio daqui; ver mais fotografias aqui, aqui e aqui). Trata-se de uma estrutura de forma hexagonal que se ergue a cerca de três metro do solo e cujas paredes são formadas por 50.000 livros empilhados. Duas paredes opostas da “célula” são abertas, o que permite que visitante entre na estrutura e a atravesse, percorrendo a curta passadeira que liga em linha recta as duas entradas. Lá dentro vem o deslumbramento, a VERTIGEM! É que, no chão e no tecto, a área que ladeia a passadeira é coberta por espelhos. O jogo de espelhos cria assim a ilusão de que o espaço sob os nossos pés e sobre as nossas cabeças se estende até ao infinito, sendo este abismo ilusório delimitado pela parede de livros. A sensação é, de facto, IMPRESSIONANTE! A tal ponto que assisti a uma altissonante turista americana (perdoem o pleonasmo) recusar-se categoricamente a entrar na estrutura e a atravessar passadeira.
3 Comments:
como diz o josé mário silva "a minha casa ideal" com o que estou perfeitamente de acordo. Mas eu tanbém não entrei, estava só e sofro de vertigens. tive pena.
gostaria muito de aí estar para esperimentar tal vertigem...
enquanto isso, cá em terra brasilis, rolei de rir com "o pleonasmo"!!!
abraços.
Também não tive coragem de entrar na passadeira, mas estive durante bastante tempo a tentar desvendar quais os livros que estariam com a lombada escondida.
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