Sylvian & Sakamoto - Forbidden Colours
Voltando à falta de interesse e ao xarope açucarado que são as letras das músicas pop (nas suas várias ramificações), apresento aqui uma música cujo poema cantado me parece interessante e esteticamente bem conseguido. Tentarei explicar brevemente porquê. (Ver o texto aqui, aqui ou aqui.)
A música foi composta para o filme Feliz Natal, Mr. Lawrence, cuja acção se passa num campo de concentração japonês durante a Segunda Grande Guerra. O exemplar comandante do campo, que nos recorda Mishima, apaixona-se por um prisioneiro inglês (que evoca a figura de T.E. Lawrence). O oficial japonês vê-se então dividido entre um sentimento proibido e ignominioso e o sentido de dever e dedicação a uma nação (e ao seu regime) com um forte código de honra e que não concebe os indivíduos como sujeitos.
Esse conflito interior é projectado de forma interessante no poema. Aí se assiste à encenação da tensão aguda entre a vontade do eu e as forças que o constrangem (pressão social, noção de honra, obrigação para com o Imperador e o regime que decai). Acho ainda bem conseguida a forma como a imagética cristã se cruza com e se adequa a representar a situação do povo japonês (e do oficial nipónico): sacrifício, fé, sangue, desvalorização do eu e daquilo que é terreal são eixos dessa relação.
Cores proibidas (Forbidden Colours) é, em japonês, um eufemismo para aludir à homossexualidade, além de ser o título de um romance de Mishima. A personificação "My love wears forbidden colours" é lindíssima!
A música foi composta para o filme Feliz Natal, Mr. Lawrence, cuja acção se passa num campo de concentração japonês durante a Segunda Grande Guerra. O exemplar comandante do campo, que nos recorda Mishima, apaixona-se por um prisioneiro inglês (que evoca a figura de T.E. Lawrence). O oficial japonês vê-se então dividido entre um sentimento proibido e ignominioso e o sentido de dever e dedicação a uma nação (e ao seu regime) com um forte código de honra e que não concebe os indivíduos como sujeitos.
Esse conflito interior é projectado de forma interessante no poema. Aí se assiste à encenação da tensão aguda entre a vontade do eu e as forças que o constrangem (pressão social, noção de honra, obrigação para com o Imperador e o regime que decai). Acho ainda bem conseguida a forma como a imagética cristã se cruza com e se adequa a representar a situação do povo japonês (e do oficial nipónico): sacrifício, fé, sangue, desvalorização do eu e daquilo que é terreal são eixos dessa relação.
Cores proibidas (Forbidden Colours) é, em japonês, um eufemismo para aludir à homossexualidade, além de ser o título de um romance de Mishima. A personificação "My love wears forbidden colours" é lindíssima!
3 Comments:
Detesto dar-te razão, mas de facto esta é fenomenal, tanto a letra como a música. E faz-me lembrar imenso um rapazinho convencido de 18 anos que já nessa altura a amava ;)
O rapazinho não era convencido (e hoje já não AMA esta música - ama coisas mais intensas: a literatura, o chocolate, o álccol e as conversas estimulantes). Eu lembro-me de ver o filme com uma certa pessoa, que, entretanto, começou a preferir as comédias americanas aos bons filmes.
Toma lá para não seres parva...touchée!
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