Celebrações, rituais e incongruências
O mui católico e conservador Prusidente da República veio questionar-se (ou será que se veio questionar?) no dia 25 de Abril sobre a forma como o país anda a celebrar este dia de libertação. Segundo o ínclito magistrado, o primeiro da nação, as celebrações andarão a realizar-se em moldes que ameaçam esvaziar o sentido da evocação que elas pretendem fazer. Como cidadão para quem todos os dias 25 de Abril serão sempre plenos de sentido, questiono as intenções últimas das palavras de Cavaco Silva. Sabemos que o cavalheiro não se entusiasma torrencialmente com este dia... e terá as suas razões. O patético jogo de cintura de não levar um cravo na lapela mas de pôr uma gravata vermelha diz tudo. (Uso aqui o termo patético na sua ambivalência semântica: patético de ridículo mas também de pathos, pois aquilo para ele dever ter sido penosíssimo.) Não preciso de analisar este gesto de um simbolismo lorpa.
O ilusionista Paulo Portas aplaudiu as palavras do PR (ora então!?), acrescentando que as comemorações do Dia da Liberdade (expressão minha, não dele, claro!) estavam a ficar demasiado ritualistas e repetitivas. É curioso que estas duas apreciações venham da boca de dois políticos católicos e conservadores. QUANTA INCONGRUÊNCIA!!!
Cerimónia a esvaziar-se de sentido? Ritual e repetição? Porque não aplicam eles nos mesmos termos a questão relativamente à celebração dominical católica? Haverá comemoração mais ritualista e repetitiva do que uma missa católica? (… Já nem digo esvaziada de sentido para não ser acusado de anticlericalismo…) E TODAS AS CERIMÓNIAS POLÍTICAS O QUE SÃO? (Tomadas de posse, aberturas das legislaturas da AR, recepções, inúmeros tipos de protocolo, discursos da praxe, hastear da bandeira e o diabo a quatro.) Não será toda a vida política pautada pela ideia de ritual e de repetição? Quanta incoerência! Quanta areia lançada aos olhos, já por si míopes, dos portugueses.
Mas não. O Prusidente tinha que vir chuchar com o Dia da Liberdade. E chuchou e foi aplaudido e os comentadores políticos e os conservadores fizeram eco das suas palavras e… e… e… Por estas e por outras é que continuo a acreditar que Cavaco é para quem nele votou o Salazar possível para o regime democrático, que, ironicamente para ele, nasceu em… ABRIL!
O ilusionista Paulo Portas aplaudiu as palavras do PR (ora então!?), acrescentando que as comemorações do Dia da Liberdade (expressão minha, não dele, claro!) estavam a ficar demasiado ritualistas e repetitivas. É curioso que estas duas apreciações venham da boca de dois políticos católicos e conservadores. QUANTA INCONGRUÊNCIA!!!
Cerimónia a esvaziar-se de sentido? Ritual e repetição? Porque não aplicam eles nos mesmos termos a questão relativamente à celebração dominical católica? Haverá comemoração mais ritualista e repetitiva do que uma missa católica? (… Já nem digo esvaziada de sentido para não ser acusado de anticlericalismo…) E TODAS AS CERIMÓNIAS POLÍTICAS O QUE SÃO? (Tomadas de posse, aberturas das legislaturas da AR, recepções, inúmeros tipos de protocolo, discursos da praxe, hastear da bandeira e o diabo a quatro.) Não será toda a vida política pautada pela ideia de ritual e de repetição? Quanta incoerência! Quanta areia lançada aos olhos, já por si míopes, dos portugueses.
Mas não. O Prusidente tinha que vir chuchar com o Dia da Liberdade. E chuchou e foi aplaudido e os comentadores políticos e os conservadores fizeram eco das suas palavras e… e… e… Por estas e por outras é que continuo a acreditar que Cavaco é para quem nele votou o Salazar possível para o regime democrático, que, ironicamente para ele, nasceu em… ABRIL!
3 Comments:
É triste, é triste, mas que esperar dum país que, duma forma ou de outra, ainda se revê no trambalazana de Santa Comba.
este disco já está riscado!
ALEXANDRINHO....sabes lá tu o que é e o que foi o verdadeiro 25 de Abril...e o que foi ter feito uma revolução pata betinhos como tu andarem bem na vidinha sem fazer literalmente nada pelo País e pelos outros...
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