Projecto Tróia Resort por um canudo?
Ainda há pouco tempo, mais precisamente, em Setembro de 2005, o Senhor Primeiro-Ministro festejava, com pompa e circunstância, música e fogo-de-artifício, a implosão dos edifícios da Torralta, acompanhado pelo representante do capitalismo nacional, o engenheiro Belmiro de Azevedo. O mediatismo da cerimónia salientava a importância do significado do acontecimento e assegurava a construção do projecto Tróia Resort, um gigantesco investimento turístico - no valor de 320 milhões de euros - que estaria pronto em 2011. Porque se dava tanta relevância ao acontecimento como se fosse a coroação do rei da Inglaterra? Porque o acontecimento selava um pacto entre o poder político e o poder económico nacional.
A partir desse dia, o engenheiro Belmiro de Azevedo declarou-se explicitamente o maior apoiante de José Sócrates, líder incontestado da “esquerda moderna” e foi, ao mesmo tempo, catapultado para a estratosfera da política e da comunicação social.
Porém, no seu estatuto estratosférico, o Eng. Belmiro passou, mais tarde, a criticar a construção do aeroporto da OTA e o TGV, afirmando que os gastos sumptuosos do estado deveriam estar ao serviço de quem produz riqueza e, ainda, que lhe interessavam mais as boas linhas férreas, nomeadamente, de transporte de mercadorias para o escoamento dos seus produtos (Programa Prós e Contras – Canal 1). Ufano pelo pacto com o poder político, o Engenheiro Belmiro lançou uma Oferta Pública de Aquisição da PT Telecom. No fundo, tratava-se, então, de consubstanciar a convenção de Torralta. No entanto, a OPA teve o desfecho que todos nós sabemos porque:
em primeiro lugar, as contradições do capitalismo nacional são mais profundas do que se esperava, devido à dependência internacional desse mesmo capitalismo;
em segundo lugar, a classe política, sobretudo a governativa, oriunda da classe média baixa, não tem na sua génese nem na sua tradição qualquer identificação com os interesses do capitalismo nacional.
Entre o apoio ao capitalismo nacional e o apoio ao capitalismo do centro da União Europeia, o governo parece apostar no apoio a este último, enquanto que Marques Mendes parece colocar-se ao lado do primeiro. A proposta da descida do IVA e do IRC é claramente uma posição reveladora disso mesmo.
Não é por acaso que a credibilidade interna do governo, em geral, e do Primeiro-Ministro, em especial, diminui, dia após dia. O caso da Universidade Independente é um bom exemplo disso. Não me admirava que, um destes dias, uma qualquer Universidade alemã ou francesa, pouco prestigiada, lhe conferisse o grau de Doutor Honoris Causa.
Perante esta bipolarização, o PC e o BE preferiram hibernar. Curiosamente, Jerónimo de Sousa, que, até há pouco tempo, atacava explicitamente a construção da OTA e do TGV, optou recentemente, num comício do PC, por pedir ao governo que parasse para reflectir sobre a construção do aeroporto da OTA.
O caso da OTA obrigou também Paulo Portas a entrar na cena política mais cedo do que desejava, colocando em risco essa mesma rentrée.
Tudo indica que se avizinham tempos políticos muito interessantes!!!...
A partir desse dia, o engenheiro Belmiro de Azevedo declarou-se explicitamente o maior apoiante de José Sócrates, líder incontestado da “esquerda moderna” e foi, ao mesmo tempo, catapultado para a estratosfera da política e da comunicação social.
Porém, no seu estatuto estratosférico, o Eng. Belmiro passou, mais tarde, a criticar a construção do aeroporto da OTA e o TGV, afirmando que os gastos sumptuosos do estado deveriam estar ao serviço de quem produz riqueza e, ainda, que lhe interessavam mais as boas linhas férreas, nomeadamente, de transporte de mercadorias para o escoamento dos seus produtos (Programa Prós e Contras – Canal 1). Ufano pelo pacto com o poder político, o Engenheiro Belmiro lançou uma Oferta Pública de Aquisição da PT Telecom. No fundo, tratava-se, então, de consubstanciar a convenção de Torralta. No entanto, a OPA teve o desfecho que todos nós sabemos porque:
em primeiro lugar, as contradições do capitalismo nacional são mais profundas do que se esperava, devido à dependência internacional desse mesmo capitalismo;
em segundo lugar, a classe política, sobretudo a governativa, oriunda da classe média baixa, não tem na sua génese nem na sua tradição qualquer identificação com os interesses do capitalismo nacional.
Entre o apoio ao capitalismo nacional e o apoio ao capitalismo do centro da União Europeia, o governo parece apostar no apoio a este último, enquanto que Marques Mendes parece colocar-se ao lado do primeiro. A proposta da descida do IVA e do IRC é claramente uma posição reveladora disso mesmo.
Não é por acaso que a credibilidade interna do governo, em geral, e do Primeiro-Ministro, em especial, diminui, dia após dia. O caso da Universidade Independente é um bom exemplo disso. Não me admirava que, um destes dias, uma qualquer Universidade alemã ou francesa, pouco prestigiada, lhe conferisse o grau de Doutor Honoris Causa.
Perante esta bipolarização, o PC e o BE preferiram hibernar. Curiosamente, Jerónimo de Sousa, que, até há pouco tempo, atacava explicitamente a construção da OTA e do TGV, optou recentemente, num comício do PC, por pedir ao governo que parasse para reflectir sobre a construção do aeroporto da OTA.
O caso da OTA obrigou também Paulo Portas a entrar na cena política mais cedo do que desejava, colocando em risco essa mesma rentrée.
Tudo indica que se avizinham tempos políticos muito interessantes!!!...
2 Comments:
Raimundo Lúlio, por favor, queria pedir-lhe uma indicação (não consigo bibliografia em português sobre precisamente o R.Lúlio) e não consigo usar o mail "escondido" do blog, suponho que por problema no outlook. Será que se importava de dar alguma dica par ao meu mail? Peço desculpa de o incomodar, mas pensei que me pudesse ajudar. Obrigada.
Caro Raimundo Lúlio: muitíssimo obrigada!
E com isto tudo nem lhe disse o quanto achei interessante este post.Não tinha ainda perspectivado as coisas deste modo, e estou inclinada a dar-lhe razão.
Enviar um comentário
<< Home