CANTARES D' AMOR
O papel em que te escrevo
Tenho-o na palma da mão;
A tinta sai-me dos olhos,
A pena do coração.
*
Eu sou o sol e tu és a sombra.
Qual de nós será mais firme?
Eu como sol a buscar-te,
Tu como a sombra a fugir-me.
*
Como o vento é para o fogo
É a ausência pró amor:
Se é pequeno apaga-o logo,
Se é grande, torna-o maior.
*
Meu amor é como a sombra
Que naquele muro dá:
Parece tanto maior
Quanto mais ao longe está.
*
Por um olhar dos teus olhos
Dera da vida a metade,
Por um riso dera a vida
Por um beijo a eternidade.
*
Costumei tanto os meus olhos
A fitarem-se nos teus,
Que de tanto os ter olhado
Já não sei quais são os meus.
*
Aqui estou à tua porta
Como o feixinho da lenha;
À espera da resposta
Que dos teus olhos me venha.
*
Chamaste-me tua vida,
E eu tua alma quero ser:
A vida acaba co’ a morte,
A alma não pode morrer.
*
Sempre-verde, sempre-verde
Altos trigais da esperança:
Na mais custosa jornada
Andar por amor não cansa.
*
Ir-se a gente de longada
Sair a ver, mão na mão:
Aos olhos da madrugada
Abre a flor do coração.
[ Quadras populares colhidas da Alma Minha Gentil. Antologia da Poesia de Amor Portuguesa, org. José Régio e Alberto de Serpa, Lisboa, 1957. ]
Tenho-o na palma da mão;
A tinta sai-me dos olhos,
A pena do coração.
*
Eu sou o sol e tu és a sombra.
Qual de nós será mais firme?
Eu como sol a buscar-te,
Tu como a sombra a fugir-me.
*
Como o vento é para o fogo
É a ausência pró amor:
Se é pequeno apaga-o logo,
Se é grande, torna-o maior.
*
Meu amor é como a sombra
Que naquele muro dá:
Parece tanto maior
Quanto mais ao longe está.
*
Por um olhar dos teus olhos
Dera da vida a metade,
Por um riso dera a vida
Por um beijo a eternidade.
*
Costumei tanto os meus olhos
A fitarem-se nos teus,
Que de tanto os ter olhado
Já não sei quais são os meus.
*
Aqui estou à tua porta
Como o feixinho da lenha;
À espera da resposta
Que dos teus olhos me venha.
*
Chamaste-me tua vida,
E eu tua alma quero ser:
A vida acaba co’ a morte,
A alma não pode morrer.
*
Sempre-verde, sempre-verde
Altos trigais da esperança:
Na mais custosa jornada
Andar por amor não cansa.
*
Ir-se a gente de longada
Sair a ver, mão na mão:
Aos olhos da madrugada
Abre a flor do coração.
[ Quadras populares colhidas da Alma Minha Gentil. Antologia da Poesia de Amor Portuguesa, org. José Régio e Alberto de Serpa, Lisboa, 1957. ]
1 Comments:
simples e belo. Talvez seja a simplicidade que lhe aumenta a beleza
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