PÁSCOA
. . . .
Minha aldeia na Páscoa… Infância, mês de Abril!
Manhã primaveril!
A velha igreja,
Entre as árvores, alveja,
Alegre e rumorosa
De povo, luzes, flores…
E na penumbra dos altares, cor-de-rosa,
Rasgados pelo sol os negros véus,
Parece até sorrir a Virgem Mãe das Dores.
Ressurreição de Deus!
Domingo de Esperança!
Aleluias fazendo uma outra luz, no ar…
(Os olhos me ficaram de criança,
Que para mim é ver o recordar).
Sai o Compasso. Em pleno Azul, erguida,
Entre a verde folhagem das uveiras,
Rebrilha a cruz de prata reflorescida…
Na igreja antiga a rir seu branco riso a cal,
Ébrias de cor, tremulam as bandeiras…
Vede! Jesus lá vai, ao sol de Portugal!
Ei-lo que entra contente nos casais;
E, com amor, visita as rústicas choupanas.
É Ele, esse que trouxe aos míseros mortais
As grandes alegrias sobre-humanas!
Lá vai, lá vai, por íngremes caminhos!
Linda manhã, canções de passarinhos!
A campainha toca: Aleluia!
Aleluia!
Lá vai o padre e a sua branca estola
E o seu ramo de flores.
E, às portas espalhado, o rosmaninho evola
Um místico perfume de oração.
Velhos trabalhadores,
Por quem sofreu Jesus,
E mães acalentando os filhos no regaço,
Esperam o Compasso…
E ajoelhando, com séria devoção,
Beijam os pés da Cruz.
E no lúcido espelho da paisagem,
Reflecte-se, num sonho, a branca imagem
De Cristo ressurgido… Que mistério!
O sol que nasce, o despertar do vento,
Os soldados brutais do grande Império
Caídos por terra, num deslumbramento!
Madalena, num gesto enlouquecido,
Gritando: eu vi a Deus.
Aleluias de amor subindo aos céus,
E o milagre, de mundo em mundo, repetido…
Manhã primaveril!
A velha igreja,
Entre as árvores, alveja,
Alegre e rumorosa
De povo, luzes, flores…
E na penumbra dos altares, cor-de-rosa,
Rasgados pelo sol os negros véus,
Parece até sorrir a Virgem Mãe das Dores.
Ressurreição de Deus!
Domingo de Esperança!
Aleluias fazendo uma outra luz, no ar…
(Os olhos me ficaram de criança,
Que para mim é ver o recordar).
Sai o Compasso. Em pleno Azul, erguida,
Entre a verde folhagem das uveiras,
Rebrilha a cruz de prata reflorescida…
Na igreja antiga a rir seu branco riso a cal,
Ébrias de cor, tremulam as bandeiras…
Vede! Jesus lá vai, ao sol de Portugal!
Ei-lo que entra contente nos casais;
E, com amor, visita as rústicas choupanas.
É Ele, esse que trouxe aos míseros mortais
As grandes alegrias sobre-humanas!
Lá vai, lá vai, por íngremes caminhos!
Linda manhã, canções de passarinhos!
A campainha toca: Aleluia!
Aleluia!
Lá vai o padre e a sua branca estola
E o seu ramo de flores.
E, às portas espalhado, o rosmaninho evola
Um místico perfume de oração.
Velhos trabalhadores,
Por quem sofreu Jesus,
E mães acalentando os filhos no regaço,
Esperam o Compasso…
E ajoelhando, com séria devoção,
Beijam os pés da Cruz.
E no lúcido espelho da paisagem,
Reflecte-se, num sonho, a branca imagem
De Cristo ressurgido… Que mistério!
O sol que nasce, o despertar do vento,
Os soldados brutais do grande Império
Caídos por terra, num deslumbramento!
Madalena, num gesto enlouquecido,
Gritando: eu vi a Deus.
Aleluias de amor subindo aos céus,
E o milagre, de mundo em mundo, repetido…
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Teixeira de Pascoaes, “A Minha Aldeia”, in Sempre (1898).
Teixeira de Pascoaes, “A Minha Aldeia”, in Sempre (1898).
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