UMA EXPERIÊNCIA VITAL ( VII )
A experiência humana do êxtase, do género daquela que foi exemplificada aqui, vivida de forma inesperada, mas não rara, por pessoas vulgares em condições normais de saúde física e mental, parece-me muito significativa e digna de se meditar. Apreciaremos melhor o seu significado existencial se pensarmos no seguinte. Suponhamos que o mundo – incluindo nós próprios, e tal qual o conseguimos observar através dos nossos órgãos fisiológicos e artefactos tecnológicos de percepção – é tudo quanto existe, por todo o tempo (passado, presente e futuro), e nada mais existe. Nestas condições, o que é que poderia justificar racionalmente a experiência de um outro mundo, e de uma realidade tal que este mundo chegasse a parecer uma Caverna platónica forrada de ilusões?
A única resposta disponível ao empirista e realista cavernícola parece-me ser esta, e é vulgar. – A experiência consciente do estado de vigília (produzida pelo nosso cérebro), ajustada à ecologia e sobrevivência no meio natural e social, não é uniforme. A comparação com as experiências de outros estados de consciência, naturalmente espontâneos ou artificialmente induzidos, explica por si só como, à reflexão, podem surgir as ideias de alteridade e de maior ou menor realidade. Assim, a ideia de um “outro” mundo não seria mais que: mais uma possível alteração da consciência (no caso da experiência do êxtase ou do sagrado) ; e/ou uma amplificação imaginária dessa alteração, por analogia (como saímos do sono para a vigília, imaginamos que poderíamos sair do mundo para fora do mundo).
O que lhe parece a si, caro leitor? Acha racionalmente suficiente e convincente esta resposta? Reparou naquele pontinho da consciência de vigília ajustada ao meio ambiente e condicionada para a sobrevivência nele? Então aprecie-lhe também as implicações: um cérebro que tem tais lapsos da consciência (ou da atenção) e precisa de sono reparador por um terço da sua vida útil, é um cérebro menos bem preparado do que um que não precise de dormir; seria desejável, com a “evolução”, termos cérebros mais capazes, isentos de tais lapsos. Bem, eles já aí estão, a vigiar-nos a casa, as fronteiras e outras “instalações vitais”, enquanto dormimos… E que fazer com os drogados, os das drogas e os das experiências extáticas, místicas e religiosas (outras drogas), que acreditam ter experimentado uma existência mais real e mais valiosa que a da Caverna? É um erro, evidentemente, e especialmente perigoso no caso daqueles crentes no “sagrado” que vão a ponto de serem capazes de matar ou de morrer por isso. Mais que um erro, é uma “alienação”… O leitor já viu na União Soviética do século XX que tipo de sociedade humana os tecnólogos cavernícolas são capazes de fazer quando se propõem tratar essa “alienação”. Mas, se me está a ler na zona daquele Império em gestação que tem o nome de “União Europeia”, eu lhe digo que ainda verá (já se vai vendo) mais e melhor (ou pior), mais em linha com a “transmutação de valores” que se passou na Alemanha nazi: a tentativa de substituir certos “mitos” por outros, à força de espectáculo e propaganda.
Mas quanto à inicial questão proposta no 1º parágrafo, julgo que não adiantámos um milímetro na resposta. – Por que é que a simples ideia de “realidade” ou de “verdade” teria por si mesma a muito estranha propriedade de suscitar ou reforçar o ajustamento adequado da consciência de vigília ao mundo, quando a mera percepção da presa ou da perda por ataque de predadores pareceria suficiente para isso, como noutras espécies animais? E por que é que tal ajustamento, ao fim de dois milhões de anos de hominização bem sucedida (estamos vivos!) se revelaria (ainda) tão facilmente comprometido (ou mesmo anulado) pelos “erros” de percepção da experiência extática ou da psicadélica? E, quanto à ideia de alteridade, se o leitor se lembrar do que dissemos sobre ela no anterior, a mesma perplexidade: como é que a mera percepção das diferenças entre quaisquer objectos ou sucessivos estados de coisas, que, por mais diferentes que sejam, sempre são redutíveis a géneros comuns (são “objectos”, são “estados de coisas”), pode explicar a crença em alguma entidade que nada tem comum com o mundo (e para os não crentes significa precisamente “nada”) ? Não vejo como possa ser sem desconsiderar o carácter da inefabilidade ou intraduzibilidade, tão característico da experiência do sagrado, que só simbólica ou alegoricamente os humanos procuramos e conseguimos representar.
Mais ainda. – Admita-se que a experiência extática, enquanto experiência duma alteridade, seria cognitivamente redutível ao senso comum da variabilidade dos estados de consciência: o sujeito, recuperada a consciência “normal”, reconhece um “outro mundo” por analogia com o sujeito acordado que reconhece como outra coisa os sonhos que sonhou adormecido. Mas, neste caso, como explicar que esse “outro mundo” lhe pareça mais real ? É aqui que o “senso comum” se revela bem como tal: o critério/norma do “real” é o que o senso do comum das pessoas experimenta quando acordado dos sonhos e dos êxtases; e o que o comum das pessoas experimenta é um certo meio natural e social - comum - e a necessidade de se lhe adaptar e sobreviver; a experiência das respostas a esta necessidade, reproduzida e actualizada de geração em geração, seria precisamente a cultura desse grupo social (estar acordado seria assim estar de acordo com os padrões culturais desse grupo).
Contudo, voltámos ao mesmo: não se vê razão suficiente para que a mera necessidade de se adaptar e sobreviver se armasse com a ideia de “realidade”. A não ser que pudesse ficar ameaçada; a não ser que necessitasse contravir à distracção das experiências do sonho ou do êxtase… É que, por outro lado, o que tipicamente é experimentado pelos indivíduos (nas sociedades “primitivas” e hoje) é que a experiência do sagrado dá acesso a uma maior realidade, a mais vida, a uma existência mais plena, menos condicionada e necessitada. Ora, tal resposta de alarme e reajustamento a uma adaptação ameaçada, pode ser uma causa eficiente disso, mas não tem razão suficiente para explicar duas coisas: a crença em algo de mais real, conhecida na experiência extática do sagrado; e como é que tal “senso comum” se poderia impor como o comum, normal e normalizador critério de realidade, fora duma experiência que era convivida por todos, socialmente institucionalizada e ritualizada. Em qualquer caso, parece que teríamos aqui uma tensão existencial relevante para a origem das dicotómicas percepções do que temos por “natureza” e por “cultura”.
Para terminar, permita-se-me um ligeiro apontamento à dimensão que se impõe mais directamente considerar nesta experiência do êxtase enquanto experiência do sagrado – a dimensão ontológica. E aqui a pluriforme questão é a seguinte: tal experiência é genuína? /quem experiencia tem acesso a alguma realidade independente de si, ou apenas dependente de estados do cérebro e de estados alterados da consciência? / existe na realidade o tal sagrado, manifestado nessa experiência ?... Como se vê, é o que usualmente nos termos da nossa cultura se exprime como o problema da existência de “Deus”. Extraordinária e muito significativa questão! Quando a experiência religiosa estava no comum das pessoas vivamente ligada ao senso convivido do sagrado – tal questão nem se punha (como não se põe ainda hoje nas sociedades menos contaminadas pela cultura euro-americana, iluminada pela “ciência”). Durante milhares e milhares de anos, o grande estranhamento era o de um mundo desabitado e desorbitado do sagrado; e talvez por isso mesmo, durante milhares de anos, os humanos pisámos de mansinho a terra, sem nos mexermos nem a remexermos muito, pouco interessados em deixar aos pósteros memórias de nós e de duma existência degradada, curta e precária. De maneira que tal questão me parece sobretudo significativa do estado singular duma cultura social que se dá pressa no tempo em remexer o espaço da sua curta existência, convencida de que os feitos da sua engenharia tornaram tal existência menos precária e breve. Com a mente cativada e fixa num tal investimento, não admira que haja muitos indivíduos crentes em que este mundo que lhes aparece à condicionada e imediata percepção é tudo quanto há e o único que existe como “realidade”. Mas, por outro lado, na tal perspectiva do empirista e realista cavernícola, tal questão é inevitável: ocorre naturalmente à reflexão pela experiência das múltiplas alterações da consciência que vamos experimentando no dia-a-dia, a começar por esse circadiano biorritmo do sono/vigília, e desde a inconsciência deste mundo no recém-nascido até ao estranhamento deste mundo na avançada idade. (Note-se que o idealista tem o mesmo problema, mas invertido: como é que/ por que é que a ideia de “realidade” se ajustaria antes à fenomenologia de uma dada experiência da consciência mais do que a outra? ). Somente o entediado não vê sentido racional na questão, como o não vê na existência, deste mundo ou mesmo doutro qualquer; por isso não apresenta nenhuma explicação, mas uma reivindicação: quer ver-se livre; distanciar-se até à extinção de qualquer interesse privilegiado que pague a pena do Espectáculo.
Fica advertido e não esquecido este contexto da colocação da questão da existência de “Deus” (ou de um mundo e entidades não condicionados ao espaço-tempo do que temos por “vida”). Mas, é claro, a novidade e singularidade duma cultura marcadamente ateísta, relativamente a todas as outras que no passado e ainda no presente apareceram sobre a Terra, - se é uma ponderável indicação, não dá por si nenhuma resposta com razão suficiente à questão posta. Pode ser o ateísta o acordado para a verdade, e todos os mais humanos até agora os sonhadores de ilusões. Pode ser; e pode ser que assim seja também real o tão decantado e estimado “progresso”. Por isso, e porque este de hoje já vai (outra vez!) sobremodo extenso, voltarei qualquer dia à debatida questão; e, se não estou em condições de “demonstrar a existência” do que quer que seja, julgo ser capaz de demonstrar ao menos por que a existência de ateus e de um ateísmo em expansão global são fenómenos tão importantes e valiosos para mim.
Sirva-se agora no Tonel uma caneca de berde fresquinho, à saúde e paciência do leitor. E ponto final nesta série.
A única resposta disponível ao empirista e realista cavernícola parece-me ser esta, e é vulgar. – A experiência consciente do estado de vigília (produzida pelo nosso cérebro), ajustada à ecologia e sobrevivência no meio natural e social, não é uniforme. A comparação com as experiências de outros estados de consciência, naturalmente espontâneos ou artificialmente induzidos, explica por si só como, à reflexão, podem surgir as ideias de alteridade e de maior ou menor realidade. Assim, a ideia de um “outro” mundo não seria mais que: mais uma possível alteração da consciência (no caso da experiência do êxtase ou do sagrado) ; e/ou uma amplificação imaginária dessa alteração, por analogia (como saímos do sono para a vigília, imaginamos que poderíamos sair do mundo para fora do mundo).
O que lhe parece a si, caro leitor? Acha racionalmente suficiente e convincente esta resposta? Reparou naquele pontinho da consciência de vigília ajustada ao meio ambiente e condicionada para a sobrevivência nele? Então aprecie-lhe também as implicações: um cérebro que tem tais lapsos da consciência (ou da atenção) e precisa de sono reparador por um terço da sua vida útil, é um cérebro menos bem preparado do que um que não precise de dormir; seria desejável, com a “evolução”, termos cérebros mais capazes, isentos de tais lapsos. Bem, eles já aí estão, a vigiar-nos a casa, as fronteiras e outras “instalações vitais”, enquanto dormimos… E que fazer com os drogados, os das drogas e os das experiências extáticas, místicas e religiosas (outras drogas), que acreditam ter experimentado uma existência mais real e mais valiosa que a da Caverna? É um erro, evidentemente, e especialmente perigoso no caso daqueles crentes no “sagrado” que vão a ponto de serem capazes de matar ou de morrer por isso. Mais que um erro, é uma “alienação”… O leitor já viu na União Soviética do século XX que tipo de sociedade humana os tecnólogos cavernícolas são capazes de fazer quando se propõem tratar essa “alienação”. Mas, se me está a ler na zona daquele Império em gestação que tem o nome de “União Europeia”, eu lhe digo que ainda verá (já se vai vendo) mais e melhor (ou pior), mais em linha com a “transmutação de valores” que se passou na Alemanha nazi: a tentativa de substituir certos “mitos” por outros, à força de espectáculo e propaganda.
Mas quanto à inicial questão proposta no 1º parágrafo, julgo que não adiantámos um milímetro na resposta. – Por que é que a simples ideia de “realidade” ou de “verdade” teria por si mesma a muito estranha propriedade de suscitar ou reforçar o ajustamento adequado da consciência de vigília ao mundo, quando a mera percepção da presa ou da perda por ataque de predadores pareceria suficiente para isso, como noutras espécies animais? E por que é que tal ajustamento, ao fim de dois milhões de anos de hominização bem sucedida (estamos vivos!) se revelaria (ainda) tão facilmente comprometido (ou mesmo anulado) pelos “erros” de percepção da experiência extática ou da psicadélica? E, quanto à ideia de alteridade, se o leitor se lembrar do que dissemos sobre ela no anterior, a mesma perplexidade: como é que a mera percepção das diferenças entre quaisquer objectos ou sucessivos estados de coisas, que, por mais diferentes que sejam, sempre são redutíveis a géneros comuns (são “objectos”, são “estados de coisas”), pode explicar a crença em alguma entidade que nada tem comum com o mundo (e para os não crentes significa precisamente “nada”) ? Não vejo como possa ser sem desconsiderar o carácter da inefabilidade ou intraduzibilidade, tão característico da experiência do sagrado, que só simbólica ou alegoricamente os humanos procuramos e conseguimos representar.
Mais ainda. – Admita-se que a experiência extática, enquanto experiência duma alteridade, seria cognitivamente redutível ao senso comum da variabilidade dos estados de consciência: o sujeito, recuperada a consciência “normal”, reconhece um “outro mundo” por analogia com o sujeito acordado que reconhece como outra coisa os sonhos que sonhou adormecido. Mas, neste caso, como explicar que esse “outro mundo” lhe pareça mais real ? É aqui que o “senso comum” se revela bem como tal: o critério/norma do “real” é o que o senso do comum das pessoas experimenta quando acordado dos sonhos e dos êxtases; e o que o comum das pessoas experimenta é um certo meio natural e social - comum - e a necessidade de se lhe adaptar e sobreviver; a experiência das respostas a esta necessidade, reproduzida e actualizada de geração em geração, seria precisamente a cultura desse grupo social (estar acordado seria assim estar de acordo com os padrões culturais desse grupo).
Contudo, voltámos ao mesmo: não se vê razão suficiente para que a mera necessidade de se adaptar e sobreviver se armasse com a ideia de “realidade”. A não ser que pudesse ficar ameaçada; a não ser que necessitasse contravir à distracção das experiências do sonho ou do êxtase… É que, por outro lado, o que tipicamente é experimentado pelos indivíduos (nas sociedades “primitivas” e hoje) é que a experiência do sagrado dá acesso a uma maior realidade, a mais vida, a uma existência mais plena, menos condicionada e necessitada. Ora, tal resposta de alarme e reajustamento a uma adaptação ameaçada, pode ser uma causa eficiente disso, mas não tem razão suficiente para explicar duas coisas: a crença em algo de mais real, conhecida na experiência extática do sagrado; e como é que tal “senso comum” se poderia impor como o comum, normal e normalizador critério de realidade, fora duma experiência que era convivida por todos, socialmente institucionalizada e ritualizada. Em qualquer caso, parece que teríamos aqui uma tensão existencial relevante para a origem das dicotómicas percepções do que temos por “natureza” e por “cultura”.
Para terminar, permita-se-me um ligeiro apontamento à dimensão que se impõe mais directamente considerar nesta experiência do êxtase enquanto experiência do sagrado – a dimensão ontológica. E aqui a pluriforme questão é a seguinte: tal experiência é genuína? /quem experiencia tem acesso a alguma realidade independente de si, ou apenas dependente de estados do cérebro e de estados alterados da consciência? / existe na realidade o tal sagrado, manifestado nessa experiência ?... Como se vê, é o que usualmente nos termos da nossa cultura se exprime como o problema da existência de “Deus”. Extraordinária e muito significativa questão! Quando a experiência religiosa estava no comum das pessoas vivamente ligada ao senso convivido do sagrado – tal questão nem se punha (como não se põe ainda hoje nas sociedades menos contaminadas pela cultura euro-americana, iluminada pela “ciência”). Durante milhares e milhares de anos, o grande estranhamento era o de um mundo desabitado e desorbitado do sagrado; e talvez por isso mesmo, durante milhares de anos, os humanos pisámos de mansinho a terra, sem nos mexermos nem a remexermos muito, pouco interessados em deixar aos pósteros memórias de nós e de duma existência degradada, curta e precária. De maneira que tal questão me parece sobretudo significativa do estado singular duma cultura social que se dá pressa no tempo em remexer o espaço da sua curta existência, convencida de que os feitos da sua engenharia tornaram tal existência menos precária e breve. Com a mente cativada e fixa num tal investimento, não admira que haja muitos indivíduos crentes em que este mundo que lhes aparece à condicionada e imediata percepção é tudo quanto há e o único que existe como “realidade”. Mas, por outro lado, na tal perspectiva do empirista e realista cavernícola, tal questão é inevitável: ocorre naturalmente à reflexão pela experiência das múltiplas alterações da consciência que vamos experimentando no dia-a-dia, a começar por esse circadiano biorritmo do sono/vigília, e desde a inconsciência deste mundo no recém-nascido até ao estranhamento deste mundo na avançada idade. (Note-se que o idealista tem o mesmo problema, mas invertido: como é que/ por que é que a ideia de “realidade” se ajustaria antes à fenomenologia de uma dada experiência da consciência mais do que a outra? ). Somente o entediado não vê sentido racional na questão, como o não vê na existência, deste mundo ou mesmo doutro qualquer; por isso não apresenta nenhuma explicação, mas uma reivindicação: quer ver-se livre; distanciar-se até à extinção de qualquer interesse privilegiado que pague a pena do Espectáculo.
Fica advertido e não esquecido este contexto da colocação da questão da existência de “Deus” (ou de um mundo e entidades não condicionados ao espaço-tempo do que temos por “vida”). Mas, é claro, a novidade e singularidade duma cultura marcadamente ateísta, relativamente a todas as outras que no passado e ainda no presente apareceram sobre a Terra, - se é uma ponderável indicação, não dá por si nenhuma resposta com razão suficiente à questão posta. Pode ser o ateísta o acordado para a verdade, e todos os mais humanos até agora os sonhadores de ilusões. Pode ser; e pode ser que assim seja também real o tão decantado e estimado “progresso”. Por isso, e porque este de hoje já vai (outra vez!) sobremodo extenso, voltarei qualquer dia à debatida questão; e, se não estou em condições de “demonstrar a existência” do que quer que seja, julgo ser capaz de demonstrar ao menos por que a existência de ateus e de um ateísmo em expansão global são fenómenos tão importantes e valiosos para mim.
Sirva-se agora no Tonel uma caneca de berde fresquinho, à saúde e paciência do leitor. E ponto final nesta série.
3 Comments:
Li, atentamente, o seu artigo. Acho que coloca muitas questões ao leitor obrigando-o pensar.
Gostei do tema, e gostaria o analisar melhor. Também tenho algumas "críticas" relativamente a questão ideológica (relativa a União Soviética). Outro ponto que me interessou, tanto do ponto de vista da ciência como do ponto de vista da filosofia, é a questão da experiencia do sagrado, "outros mundos" e sonhos. O fenómeno dos sonhos é uma dos maiores mistérios, nós passa mos um terço da vida a dormir e começamos a ver sonhos ainda no útero materno aos 7 meses. Concordo com o seu ponto de vista desta questão - os sonhos são algo mais do que somente "lapsos" do cérebro.
Com melhores cumprimentos, Anastasiya.
Estimada Anastasiya:
Agradeço a atenção e o comentário.
Fazer pensar em o que dá que pensar é também um exercício pouco habitual nos que sonham. Normalmente, os que sonhamos preferimos "fazer férias"...
Mas permita-me observar o seguinte: não se trata tanto de "lapsos", como (sob uma certa perspectiva)de "fraquezas", corrigíveis com a produção de cérebros biónicos ou electrónicos (que já aí estão). Vamos a ver se, com o "progresso" destes, não acordamos para uma dura realidade muito semelhante a um pesadelo.
Quanto aos "Lapsos" ou "fraquezas" do nosso cérebro que podem ter origens biológicas, psicológicas ou ser patologias, acho que os sonhos nem sempre podem ser explicados como tais. A ocorrência dos sonhos, o seu significado e as suas causas podem ser de natureza mais racional ou mais complexa.
Ao longo da história várias pessoas afirmavam que nos seus sonhos tinham contactos com seres de natureza divina, a comunicação entre Homem e Deus através do sonho também é notória na religião cristã.
Ainda no que diz respeito ao fenómeno dos sonhos posso dizer que um estudo cientifico realizado nos anos 80-90 provou que os humanos têm necessidade de ver sonhos, pois quando a fase do "sonho rápido"(na qual vemos sonhos) é interrompida ou não é atingida pessoa pode sofrer de distúrbios psicológicos e ter visões (sonhos) que interferem com a realidade enquanto está acordada.
Embora o cérebro humano é m mistério, parece que o facto de que temos sonhos é uma forma de manter o equilíbrio, tanto fisiológico como mental e psicológico.
O "progresso" permitirá criar a tal "inteligência artificial" sem fraquezas ou erros, mas a diferença entre computados e ser humano mantém-se, parece-me absurdo querer transformar um ser humano num computador. Tanto um como outro podem efectuar operações mentais de alto nível, mas a existência um computador, por exemplo, tem objectivos diferentes. Os seres humanos, pelo menos têm instinto de sobrevivência, de reprodução, etc. .
É claro que o objectivo da humanidade é atingir melhor qualidade de vida possível, sem doenças e fraquezas, mas como já disse parece absurdo extinguir tudo que é de humano em nós. O meu último argumento é "um computador não tem de existir necessariamente, mas um ser vivo tenta sempre sobreviver e é uma das características primordiais da vida. O computados pode ter um programa idêntico, mas escrito pelos humanos, pois nos tentamos criar tudo a nossa semelhança"...
Enviar um comentário
<< Home