quarta-feira, dezembro 09, 2009

OUTRO AVISO



« (...) A nossa organização militar de hoje tem pouco a ver com a que foi conhecida pelos meus predecessores no tempo de paz, ou mesmo pelos combatentes da Segunda Guerra ou da guerra da Coreia. Até ao último dos conflitos mundiais, os Estados Unidos não tinham uma indústria de armamento. Os nossos armeiros americanos podiam, conforme a ocasião e as necessidades, até fazer espadas também. Mas agora não podemos mais arriscar improvisações de emergência na nossa defesa nacional.

Fomos obrigados a criar uma indústria de armamento permanente e de vastas proporções. Acresce a isto o facto de termos meio milhão de homens e mulheres directamente empenhados no nosso sistema de defesa. Gastamos anualmente em segurança militar mais do que o rendimento bruto de todas as empresas dos Estados Unidos.

Esta conjunção de um imenso organismo militar e de uma grande indústria de armas é nova na vida americana. A influência conjunta disto – económica, política, até espiritual – é sentida em todas as cidades, em todos os governos estaduais e no governo Federal. Reconhecemos a necessidade imperativa desse desenvolvimento. Contudo, não podemos renunciar a entender as suas graves implicações. Os nossos lares, recursos e qualidade de vida estão todos implicados nessa situação, tal como o está a própria estrutura da nossa sociedade.

Nos órgãos do governo, devemos ficar em guarda contra a obtenção de uma influência sem caução, prevista ou imprevista, adquirida pelo complexo militar-industrial. O potencial para o emergir dum poder mal orientado já existe e persistirá. Nunca devemos deixar que o peso desta conjunção faça perigar as liberdades e os métodos democráticos. Não devemos ter nada por garantido. Somente uma cidadania informada e alerta pode obrigar à coordenação de um enorme aparelho industrial e militar de defesa com os nossos métodos e finalidades de paz, para que a segurança e a liberdade prosperem juntas.

(...)

« A possibilidade de domínio do trabalho dos investigadores americanos pelos organismos federais, pela consignação de projectos de investigação e pelo poder do dinheiro, é uma possibilidade sempre presente – e por de mais grave para ser ignorada. Mas inversamente, apoiando a pesquisa e a descoberta científicas, como devemos, também teremos de ficar atentos ao igual perigo de a política pública vir a ficar cativa de uma elite científico-tecnológica. (...) »


Dwight D. Einsenhower


[ O que era há 50 anos previsível tornou-se a simbiótica convivência e conivência normal de hoje.]