UM ENIGMA PORTUGUÊS
Permanece comigo um velho enigma que não me resolvo. – Como é que estes há nove séculos chamados “portugueses” nunca adentro de Portugal se entenderam bem com essa coisa chamada “política”, e a partir de 1128 sempre temos andado em lutas civis (mesmo que as mais das vezes contidas, sem se chegar à guerra aberta e generalizada), como já lembrei aqui. Perdurával enigma, já antes de haver “Portugal” notado e lapidado no célebre dictum dum estratego romano: - “Há nos confins da Ibéria um povo que não se governa nem se deixa governar”...
Houve já quem dissesse que tal se deveria a sermos uma mistura de muitos e muito diferentes povos, que se vão tolerando mas nunca inteiramente submetendo, resultando nas perpetuadas tensões de uma existência social e política de difícil integração a nível superior “nacional”. ( De aí deduziriam alguns a consequente perene necessidade de um Estado centralizador forte para manter a coordenação e coesão possíveis duma vida nacional. ) É uma hipótese que tem que se lhe diga, e acomoda-se bem com a matéria do postal anterior.
Esta finisterra atlântica tanto é ponto de partida como tem sido de chegada. Desde pelo menos o último pico glaciar (há cerca de 20 000 anos), que obrigou as gentes paleolíticas do centro e norte europeus a procurarem estas paragens mais amenas, são vagas sucessivas de povos: os que forçaram passagem até aqui; e os outros que, forçados, lhes fugiram diante até aqui. E, à beira do grande Mar, todos têm de parar e de, melhor ou pior, se acomodar: os mais fortes, ocupando e mandando; os que lhes fugiam, submetendo-se e servindo. Os sucessivos novos imigrantes, ou expansionistas vitoriosos, ou fugitivos, têm de chegar a um compromisso de coexistência com os que já cá estavam. Com o tempo, a como rítimica continuidade dessas vagas de invasores, a inevitabilidade de todos aqui pararem diante o paredão do Mar, talvez se terá aperfeiçoado uma arte de absorção, acomodamento e coexistência entre os muitos e diferentes povos, mas sempre instável e tensa. ( Só me lembra um caso, relativamente recente, de um povo que não se acomodou e saiu pelo mar diante invasores mais poderosos: os Vândalos, que foram para as montanhas do norte de África, dando origem aos “berberes”. Aliás, poucos séculos depois “vingaram-se”: a comandante parte dos “mouros” islamizados que, em 711, invadiram e ocuparam quase toda a Hispânia, eram berberes descendentes dos Vândalos, aliados a facções da nobreza goda rebeldes ao rei Rodrigo. ) Ora, as tensões e dificuldades da integração numa sociedade nacional única haveriam de reflectir-se necessariamente nas dificuldades da organização política. Contudo, há mais de oito séculos que não tínhamos imigração significativa: não foi tempo suficiente para resolver a questão, só disfarçada pelo centralismo reforçado do poder monárquico, até 1820 ? Parece que não, e o problema foi agudizado por um factor sobreveniente.
Surge, a propósito, e não sem interessante relação, outro problema: - Haverá algum povo aqui que, por sua antiguidade, pelo isolamento relativo, pela força ou habilidade de ter desviado de si os invasores, poderia supor-se e ser considerado “autóctone”? Há quem afirme que sim, e vá a ponto de lembrar os descendentes da Atlântida submersa... Mais recentemente, foi António Quadros a sugerir ter sido a Atlântida afinal esta península Hespéria, antecessora da Ibéria, a civilização megalítica dos construtores de menires, cromeleques, dólmenes e orcas, que maritimamente se teria expandido até à Irlanda e Grã-Bretanha, a norte, como até ao extremo Mediterrâneo (Creta, Egipto); e que teria mesmo sido a inventora da escrita... Com o andar dos séculos e a chegada de novas migrações, esse povo ter-se-ia como concentrado e perdurado sobretudo adentro daquele círculo de serras cujos diametrais polos são a Nave-Lapa, Lousã-Açor e Caramulo-Estrela, que englobam o que hoje chamamos “Beira Alta”, à qual, não por acaso, veio historicamente a referir-se o tipo humano e o mito cultural da “Lusitânia” fundadora.
Mas a marca fica sempre: muitos e diferentes povos, uns vencendo e dominando, outros vencidos e dominados. O que torna a situação relativamente especial neste ponto do mundo é a quantidade, as diferenças e a necessidade de coexistirem num território tão apertado; e talvez a formação de um núcleo existencial suficientemente coeso de absorção e equilíbrio, que sutilmente pervade e predomina, impedindo as tensões de degenerarem em conflitos de extermínio genocida ou de irremediável divórcio regionalista. Como disse, estará esse núcleo de coesão existencial, social e política originariamente na Beira Alta “lusitana”; e talvez que devamos a esse centramento demasiado a sul (relativamente) e à projeccção da Reconquista além-Tejo a definitiva perda medieval daquela parte mais nortenha do nosso Minho, a que já os romanos reconheciam uma unidade específica quando a nomearam “Calécia”. E já no tempo dos romanos é notável nas notícias históricas que nos deixaram, a extraordinária dificuldade de os vários povos da Lusitânia se concertarem duradouramente numa estratégia de resistência e repulsão dos romanos; o que não deixa de me lembrar o isolamento e perpétuas dissenções em que viveram sempre as cidades-estado gregas, incapazes de impedir o expansionismo macedónio. Só o excepcional aparecimento de um caudilho e estratego excepcional – Viriato – pôde efemeramente unir contra o Império as autarcias castrejas que viviam tão sobre si e tão ciosas da sua independência. (E não será por acaso que, séculos depois, é exactamente a sul do Douro que veremos proliferarem os medievais “concelhos”, reconstituindo e como repondo essas milenares autarcias que, já antes, melhor teriam resistido à feudalização senhorial imposta por Suevos e Visigodos.)
Portanto: a difícil coexistência de muitos e diferentes povos, cujas particularidades perduraram na extrordinária riqueza e variedade etnográfica que ainda por meados do século XX podíamos admirar na pequena área territorial do nosso país.
Como vamos vendo, estas imigrações continuam nos nossos dias, felizmente agora menos violentas. Aqui, a oeste, nada de novo. E, se é verdade que há e perdura actuante esse fundo multimilenar de coesão e equilíbrio, não é por aí que nos virá maior mal. Um fundo étnico de coesão e afirmação autonómica que pode eventualmente manifestar-se em pessoas individuais (e antes de Viriato não esqueçamos, nesses quase cem anos de resistência ao Império, os nomes de outros chefes: Púnio, Cauceno, Causaro...) que são como símbolos vivos duma norma colectiva fundamental, mais do que (im)propriamente indivíduos “excepcionais”. (Aquelas “personalidades de excepção” tão apreciadas pelos autoritarismos e sebastianismos políticos.) São tipos individuais típicos dum perfil comum de fundo, - e é por isso mesmo que podem tornar-se tão “populares”, sendo a sua acção tão profundamente (con)sentida e colectivamente memorável.
Contudo, o nosso problema permanece. E, como disse, dificultado por um factor sobreveniente: - a predicação do Cristianismo. Julgo que este povo português, feito das relações tensas entre tantos povos, se confirmou então no que já antes uma longa experiência anterior lhe ensinara: - nenhuma solução política viável que valha a pena, enquanto os homens forem o que são. (Se fossem perfeitos, nenhum problema político haveria). Portanto, tomou as suas distâncias e concentra-se na sua casa familiar, parentes e amigos. (Uma concentração sábia, se é verdade que o mundo político é a natural expansão dos problemas das relações intra e inter-familiares.) E não é já sem relutância que participa nas questões da freguesia ou do concelho. Quanto às questões “nacionais”, deixa essa tentação para “os políticos”, de vistas largas, grandes ideais e discursos de gente instruída e sofisticada: “eles é que estudaram, eles é que sabem”...
Sinto que, para os nossso portugueses, a solução política seria a mais radicalmente simples: - Que viva cada um como lhe apraz, e deixe os outros em paz! Solução impossível... Portanto, se não pode ser, veja cada um o que pode fazer na sua própria casa, e comece por aí...
Um problema que permanece ainda complicado por outros dois, inseparavelmente conexos, que também nunca resolvemos bem entre nós: o da economia (cá na nossa terra gostamos mais de gozar que de trabalhar...) e o da justiça ( o inextricável problema de “quem é a culpa”, e detestamos castigar, e sabemos que é inevitável)… A propósito da última, sempre achei notavelmente impressiva e significativa a quantidade de provérbios portugueses desconfiados e reprovadores das justiças humanas. E veja-se este delicioso trecho da célebre Carta de Bruges (circa 1425) enviada pelo infante D. Pedro a seu irmão mais velho e já de facto regente, D. Duarte: « A justiça, senhor, que é outra virtude, me parece que não reina nos corações daqueles que têm cargo de julgarem em vossa terra (...). Parece-me, senhor, que a justiça tem duas partes: uma é dar a cada um o que é seu, e a outra dar-lho sem delonga. E ainda que eu cuido que ambas em vossa terra falecem, da última estou bem certo; e esta faz tão grande dano em vossa terra, que em muitos casos aqueles que tarde vencem ficam vencidos; e eu vejo em vossa corte muitos oficiais de justiça, e de todos eles sairem mui poucos desembargos .... » Os que tarde vencem, quando vencem…
Permanências e premências de um problema, não excepcional, mas que nesta finisterra parece abismar-se num mar de dificuldades insuperáveis...
[ Não são apenas questões de ordem social e cultural que permanecem. Num livro recente - O Património Genético Português, 2009, de Luísa Pereira e Filipa Ribeiro-, as autoras informam-nos de alguns resultados da nova “Arqueogenética” aplicada à “história humana preservada nos genes” (é o subtítulo do livro): cerca de 80% das linhagens genéticas dos portugueses vêm-nos do... Paleolítico. Por sinal que há no livro (pp.81-82) cobertura para a tese duma expansão da nossa cultura megalítica para a Hibérnia e a Grã-Bretanha, em concordância com os dados já antes obtidos e divulgados (em 2006, mas não mencionados no livro) pelo geneticista de Oxford Bryan Sykes.
Sobre esta cultura megalítica e a sua relação com a mítica Atlântida, o leitor mais português que europês terá muito interesse em ver as pp. 91-155 do vol. I de Portugal: Razão e Mistério (1986), do citado António Quadros. ]
Houve já quem dissesse que tal se deveria a sermos uma mistura de muitos e muito diferentes povos, que se vão tolerando mas nunca inteiramente submetendo, resultando nas perpetuadas tensões de uma existência social e política de difícil integração a nível superior “nacional”. ( De aí deduziriam alguns a consequente perene necessidade de um Estado centralizador forte para manter a coordenação e coesão possíveis duma vida nacional. ) É uma hipótese que tem que se lhe diga, e acomoda-se bem com a matéria do postal anterior.
Esta finisterra atlântica tanto é ponto de partida como tem sido de chegada. Desde pelo menos o último pico glaciar (há cerca de 20 000 anos), que obrigou as gentes paleolíticas do centro e norte europeus a procurarem estas paragens mais amenas, são vagas sucessivas de povos: os que forçaram passagem até aqui; e os outros que, forçados, lhes fugiram diante até aqui. E, à beira do grande Mar, todos têm de parar e de, melhor ou pior, se acomodar: os mais fortes, ocupando e mandando; os que lhes fugiam, submetendo-se e servindo. Os sucessivos novos imigrantes, ou expansionistas vitoriosos, ou fugitivos, têm de chegar a um compromisso de coexistência com os que já cá estavam. Com o tempo, a como rítimica continuidade dessas vagas de invasores, a inevitabilidade de todos aqui pararem diante o paredão do Mar, talvez se terá aperfeiçoado uma arte de absorção, acomodamento e coexistência entre os muitos e diferentes povos, mas sempre instável e tensa. ( Só me lembra um caso, relativamente recente, de um povo que não se acomodou e saiu pelo mar diante invasores mais poderosos: os Vândalos, que foram para as montanhas do norte de África, dando origem aos “berberes”. Aliás, poucos séculos depois “vingaram-se”: a comandante parte dos “mouros” islamizados que, em 711, invadiram e ocuparam quase toda a Hispânia, eram berberes descendentes dos Vândalos, aliados a facções da nobreza goda rebeldes ao rei Rodrigo. ) Ora, as tensões e dificuldades da integração numa sociedade nacional única haveriam de reflectir-se necessariamente nas dificuldades da organização política. Contudo, há mais de oito séculos que não tínhamos imigração significativa: não foi tempo suficiente para resolver a questão, só disfarçada pelo centralismo reforçado do poder monárquico, até 1820 ? Parece que não, e o problema foi agudizado por um factor sobreveniente.
Surge, a propósito, e não sem interessante relação, outro problema: - Haverá algum povo aqui que, por sua antiguidade, pelo isolamento relativo, pela força ou habilidade de ter desviado de si os invasores, poderia supor-se e ser considerado “autóctone”? Há quem afirme que sim, e vá a ponto de lembrar os descendentes da Atlântida submersa... Mais recentemente, foi António Quadros a sugerir ter sido a Atlântida afinal esta península Hespéria, antecessora da Ibéria, a civilização megalítica dos construtores de menires, cromeleques, dólmenes e orcas, que maritimamente se teria expandido até à Irlanda e Grã-Bretanha, a norte, como até ao extremo Mediterrâneo (Creta, Egipto); e que teria mesmo sido a inventora da escrita... Com o andar dos séculos e a chegada de novas migrações, esse povo ter-se-ia como concentrado e perdurado sobretudo adentro daquele círculo de serras cujos diametrais polos são a Nave-Lapa, Lousã-Açor e Caramulo-Estrela, que englobam o que hoje chamamos “Beira Alta”, à qual, não por acaso, veio historicamente a referir-se o tipo humano e o mito cultural da “Lusitânia” fundadora.
Mas a marca fica sempre: muitos e diferentes povos, uns vencendo e dominando, outros vencidos e dominados. O que torna a situação relativamente especial neste ponto do mundo é a quantidade, as diferenças e a necessidade de coexistirem num território tão apertado; e talvez a formação de um núcleo existencial suficientemente coeso de absorção e equilíbrio, que sutilmente pervade e predomina, impedindo as tensões de degenerarem em conflitos de extermínio genocida ou de irremediável divórcio regionalista. Como disse, estará esse núcleo de coesão existencial, social e política originariamente na Beira Alta “lusitana”; e talvez que devamos a esse centramento demasiado a sul (relativamente) e à projeccção da Reconquista além-Tejo a definitiva perda medieval daquela parte mais nortenha do nosso Minho, a que já os romanos reconheciam uma unidade específica quando a nomearam “Calécia”. E já no tempo dos romanos é notável nas notícias históricas que nos deixaram, a extraordinária dificuldade de os vários povos da Lusitânia se concertarem duradouramente numa estratégia de resistência e repulsão dos romanos; o que não deixa de me lembrar o isolamento e perpétuas dissenções em que viveram sempre as cidades-estado gregas, incapazes de impedir o expansionismo macedónio. Só o excepcional aparecimento de um caudilho e estratego excepcional – Viriato – pôde efemeramente unir contra o Império as autarcias castrejas que viviam tão sobre si e tão ciosas da sua independência. (E não será por acaso que, séculos depois, é exactamente a sul do Douro que veremos proliferarem os medievais “concelhos”, reconstituindo e como repondo essas milenares autarcias que, já antes, melhor teriam resistido à feudalização senhorial imposta por Suevos e Visigodos.)
Portanto: a difícil coexistência de muitos e diferentes povos, cujas particularidades perduraram na extrordinária riqueza e variedade etnográfica que ainda por meados do século XX podíamos admirar na pequena área territorial do nosso país.
Como vamos vendo, estas imigrações continuam nos nossos dias, felizmente agora menos violentas. Aqui, a oeste, nada de novo. E, se é verdade que há e perdura actuante esse fundo multimilenar de coesão e equilíbrio, não é por aí que nos virá maior mal. Um fundo étnico de coesão e afirmação autonómica que pode eventualmente manifestar-se em pessoas individuais (e antes de Viriato não esqueçamos, nesses quase cem anos de resistência ao Império, os nomes de outros chefes: Púnio, Cauceno, Causaro...) que são como símbolos vivos duma norma colectiva fundamental, mais do que (im)propriamente indivíduos “excepcionais”. (Aquelas “personalidades de excepção” tão apreciadas pelos autoritarismos e sebastianismos políticos.) São tipos individuais típicos dum perfil comum de fundo, - e é por isso mesmo que podem tornar-se tão “populares”, sendo a sua acção tão profundamente (con)sentida e colectivamente memorável.
Contudo, o nosso problema permanece. E, como disse, dificultado por um factor sobreveniente: - a predicação do Cristianismo. Julgo que este povo português, feito das relações tensas entre tantos povos, se confirmou então no que já antes uma longa experiência anterior lhe ensinara: - nenhuma solução política viável que valha a pena, enquanto os homens forem o que são. (Se fossem perfeitos, nenhum problema político haveria). Portanto, tomou as suas distâncias e concentra-se na sua casa familiar, parentes e amigos. (Uma concentração sábia, se é verdade que o mundo político é a natural expansão dos problemas das relações intra e inter-familiares.) E não é já sem relutância que participa nas questões da freguesia ou do concelho. Quanto às questões “nacionais”, deixa essa tentação para “os políticos”, de vistas largas, grandes ideais e discursos de gente instruída e sofisticada: “eles é que estudaram, eles é que sabem”...
Sinto que, para os nossso portugueses, a solução política seria a mais radicalmente simples: - Que viva cada um como lhe apraz, e deixe os outros em paz! Solução impossível... Portanto, se não pode ser, veja cada um o que pode fazer na sua própria casa, e comece por aí...
Um problema que permanece ainda complicado por outros dois, inseparavelmente conexos, que também nunca resolvemos bem entre nós: o da economia (cá na nossa terra gostamos mais de gozar que de trabalhar...) e o da justiça ( o inextricável problema de “quem é a culpa”, e detestamos castigar, e sabemos que é inevitável)… A propósito da última, sempre achei notavelmente impressiva e significativa a quantidade de provérbios portugueses desconfiados e reprovadores das justiças humanas. E veja-se este delicioso trecho da célebre Carta de Bruges (circa 1425) enviada pelo infante D. Pedro a seu irmão mais velho e já de facto regente, D. Duarte: « A justiça, senhor, que é outra virtude, me parece que não reina nos corações daqueles que têm cargo de julgarem em vossa terra (...). Parece-me, senhor, que a justiça tem duas partes: uma é dar a cada um o que é seu, e a outra dar-lho sem delonga. E ainda que eu cuido que ambas em vossa terra falecem, da última estou bem certo; e esta faz tão grande dano em vossa terra, que em muitos casos aqueles que tarde vencem ficam vencidos; e eu vejo em vossa corte muitos oficiais de justiça, e de todos eles sairem mui poucos desembargos .... » Os que tarde vencem, quando vencem…
Permanências e premências de um problema, não excepcional, mas que nesta finisterra parece abismar-se num mar de dificuldades insuperáveis...
[ Não são apenas questões de ordem social e cultural que permanecem. Num livro recente - O Património Genético Português, 2009, de Luísa Pereira e Filipa Ribeiro-, as autoras informam-nos de alguns resultados da nova “Arqueogenética” aplicada à “história humana preservada nos genes” (é o subtítulo do livro): cerca de 80% das linhagens genéticas dos portugueses vêm-nos do... Paleolítico. Por sinal que há no livro (pp.81-82) cobertura para a tese duma expansão da nossa cultura megalítica para a Hibérnia e a Grã-Bretanha, em concordância com os dados já antes obtidos e divulgados (em 2006, mas não mencionados no livro) pelo geneticista de Oxford Bryan Sykes.
Sobre esta cultura megalítica e a sua relação com a mítica Atlântida, o leitor mais português que europês terá muito interesse em ver as pp. 91-155 do vol. I de Portugal: Razão e Mistério (1986), do citado António Quadros. ]
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