quarta-feira, maio 31, 2006
Este quadro, intitulado O funeral de Shelley (ou A cremação de Shelley), contribuiu para mitificar e popularizar a figura do poeta romântico inglês. Na pintura, de que há mais que uma versão (creio aque esta é a original), encontramos quatro figuras do romantismo inglês a assistir à cremação do corpo de Shelley: Trelawny, Leigh Hunt, Lord Byron e, mais à direita, Mary Shelley.
A ideia de encenação atravessa a imagem. E não reside apenas da disposição e na postura das figuras. Ela emerge também no confronto (e nas contradições) que a cena retratada estabelece com a realidade: a pintura não é fiel à "verdade histórica", na medida em que, no funeral de Shelley (a 15 de Agosto de 1822, perto de Livorno, Itália), Hunt não saiu da carruagem, Byron não suportou a cena e partiu, ao passo que Mary Shelley não esteve presente. Mais, ao contrário do que se vê na imagem, o corpo de Shelley estava parcialmente comido pelos peixes. Mas o aspecto mais inspirador do quadro é a cremação do poeta retratada em contornos ritualísticos e sacrificiais. O corpo de Shelley sobre a pira, numa praia, rodeado por figuras de olhar lânguido, evoca o ritual dos funerais dos reis viquingues ou de figuras destacadas de outras culturas. E, historicamente, o corpo não foi incinerado porque se quis fazer da morte do poeta um momento glorioso mas porque as autoridades italianas, que temiam a peste, exigiam que todos os cadáveres fossem queimados.
O quadro foi pintado em 1889 por Louis Edouard Fournier e encontra-se na Walker Art Gallery, em Liverpool (óleo sobre tela, 129.5 x 213.4cm).
terça-feira, maio 30, 2006
Blitzkrieg
Depois da batalha da avaliação dos professores pelos pais volta a ministra da tutela à carga numa verdadeira ofensiva da qual resulta, independentemente dos seus propósitos, o denegrir da imagem dos professores (aliás, o título do DN, por exemplo, é bem esclarecedor: ministra traça quadro negro das escolas – isto na primeira página, enquanto no interior aparece: ministra traça retrato arrasador das escolas).
A tónica da senhora ministra é que os professores não se preocupam com os resultados dos alunos e, nessa ordem de ideias, levanta uma série de “lebres” que ninguém sabe onde vão achar uma lura.
Já o tinha afirmado em tom brincalhão, mas hoje estou mais convencido que nunca, que o próximo passo é o governo asseverar que os médicos matam voluntariamente os seus doentes e os advogados concorrerem para condenar acintosamente os seus clientes e… É melhor ficarmos por aqui!
Já o tinha afirmado em tom brincalhão, mas hoje estou mais convencido que nunca, que o próximo passo é o governo asseverar que os médicos matam voluntariamente os seus doentes e os advogados concorrerem para condenar acintosamente os seus clientes e… É melhor ficarmos por aqui!
Como dizia, e muito bem, o Alexandre, o governo percebeu que qualquer medida contra os professores colherá a simpatia da opinião pública.
Não foi há tanto tempo como isso que houve um célebre caso dum ministro e duma filha que pretendia ter acesso “pela porta do cavalo” à universidade, será que se lembram?
Já agora uma última questão: em que escolas e turmas andam os filhos da sra. ministra (se os tem) e os descendentes dos seus confrades governamentais e de outros responsáveis políticos?
Não foi há tanto tempo como isso que houve um célebre caso dum ministro e duma filha que pretendia ter acesso “pela porta do cavalo” à universidade, será que se lembram?
Já agora uma última questão: em que escolas e turmas andam os filhos da sra. ministra (se os tem) e os descendentes dos seus confrades governamentais e de outros responsáveis políticos?
Quem avalia os Secretários de Estado?
Depois de um dia em que ouvimos a Ministra da Educação afirmar dogmática, injusta e irresponsavelmente que os professores não estão preocupados com o sucesso escolar dos alunos (pasme-se!), volto a espantar-me com as declarações do Secretário de Estado Adjunto da Educação, o Sr. Jorge Pedreira, no debate desta noite na RTP sobre violência nas Escolas. Vi a reportagem com agressões e ofensas gravíssimas a alunos, funcionários e professores; depois, apenas vi a primeira parte do debate. O que o Sr. Secretário de Estado disse foi o suficiente para ser demitido se Portugal fosse um país com uma opinião pública exigente. Vejamos.
Confrontado com as imagens de grande violência e desrespeito numa escola - numa escola que está sob tutela do seu Ministério -, Jorge Pedreira assumiu que não tinha ideia de que fenómenos como aqueles se passavam em instituições de ensino do país. Não tinha ideia? Então é responsável por uma realidade que desconhece?
Depois, afirmou que tinha de ser aquela escola em concreto a lidar com os problemas sociais e comportamentais que estavam por trás da violência. Ou seja, passou a batata quente para a escola (e responsabilizou-a) e demitiu-se da função que o seu Ministério devia desempenhar: dar apoio, materiais e recursos humanos necessário para atacar o problema. Por fim, afirmou que instituições como a que estava nas imagens não podiam ser aceites como escolas da rede de ensino nacional. Ou seja, queria demarcar-se dum problema sério do seu pelouro e virar as costas àquele conjunto de alunos, professores e funcionários. Então mas, para o Ministério da Educação, há escolas de primeira e de segunda? Há uma que contam e outras que não contam?
Só demitido, Sr. Secretário de Estado, só demitido!
"Poem for a dead poet", de Roger McGough
Poem for a dead poet
He was a poet he was.
A proper poet.
He said things
that made you think
and said them nicely.
He saw things
that you or I
could never see
and saw them clearly.
He had a way
with language.
Images flocked around
him like birds.
St Francis, he was,
of the words. Words?
Why he could almost make 'em talk.
Roger McGough
(O quadro intitula-se The death of Chatterton e foi pintado em 1856 por Henry Wallis. O poeta morto do poema de McGough não é Chatterton, mas John Berryman. No entanto, a beleza da pintura e a coerência temática justificam a sua afixação neste post.)
segunda-feira, maio 29, 2006
O silêncio tumular da múmia (revisitado)
Uma sondagem realizada pela Universidade Católica revela que o político mais popular em terras portuguesas é o Presidente Cavaco Silva. Como várias pessoas previram, o cargo de Presidente está a ser exercido sob o signo do silêncio e da omissão. Sampaio mostrou-nos que o primeiro magistrado da nação devia intervir activa e regularmente no sentido de chamar a atenção para os problemas da nação, sensibilizar os agentes económico e políticos para os casos de debilidade cívica e democrática do país, etc., etc.
Ora, de Cavaco nada se tem ouvido. Houve o discurso emplogado sobre desigualdades sociais no dia 25 de Abril (discurso vazio de propostas e de intenção). Houve, mais recentemente, a intervenção do Presidente para romper o monopólio da TV Sport na transmissão dos jogos do Mundial 2006. Notável! Verdadeiramente notável! De resto: silêncio! (Ah, e não acredito que alguém julgue que, na reunião das quintas-feiras, Cavaco influencie decisivamente Sócrates na governação do país.) E como respondem os portugueses ao silêncio do PR? Designando-o o mais popular político do país - consequentemente, o homem da res publica que melhor exerce o seu cargo. Será que os portugueses advogam que o melhor político é aquele que se demite das funções e que apenas faz intervenções pirotécnicas?
(Para os mais distraídos, a fotografia deste post não é de Cavaco Silva, mas de Boris Karloff no filme A Múmia.)
domingo, maio 28, 2006
Mesuras ou desmesuras?
De modo a poder executar política consentânea, com as medidas que o governo adoptou para a avaliação dos professores, vai agora o executivo arranjar maneira de legislar de modo a que os réus possam avaliar os juízes.
Outras acções idênticas, informou fonte bem colocada, estão na calha.
Outras acções idênticas, informou fonte bem colocada, estão na calha.
Como se avalia um prof?
O governo decdiu agora que os pais iriam avaliar o desempenho dos professores. Muito havia que dizer sobre o assunto e sobre a perversidade deste método. Mas fico-me essencialmente por dois pontos.
O primeiro é formulado numa série de questões. Com que parâmetros serão os professores avaliados pelos pais? Que dados têm estes para avaliar o desempenho de um professor? Se a maioria dos encarregados de educação não acompanha regularmente o percurso escolar dos seus educandos, como pode aferir a qualidade profissional de quem ensina os seus filhos? Visto por outro prisma: tendo em conta que os encarregados de educação não seguem diariamente a prática docente dos profs, vão basear em que dados a sua avaliação? Nos testemunhos condicionados dos seus filhos? Na simpatia/antipatia do professor? Concluo, pois, que não pode haver uma avaliação séria e justa dos docentes através deste sistema.
Questiono-me, pois, sobre o objectivo de tal medida governamental. Será que o Ministério da Educação sente que não sabe avaliar justa e objectivamente os professores e tem de delegar parte dessa avaliação nos pais, os quais opinarão sobre o trabalho dos docentes de forma arbitrária e não fundamentada? (A atitude do governo recorda-nos a de um certo senhor que lavava as mãos para não ter de assumir a responsabilidade.) Creio honestamente que o motivo central desta decisão se prende com o facto de o governo ter percebido que qualquer medida "contra" os professores colherá a simpatia da opinião pública. É nesta linha demagógica que devemos compreender tal decisão, porque outra razão não pode haver: uma avaliação séria dos docentes não pode passar por aqueles que não têm dados nem competência para o fazer.
E, já agora, porque não avaliamos em "hasta pública" o trabalho dos juízes, dos gestores públicos, dos médicos e dos restantes funcionários públicos? Porquê os professores?
sexta-feira, maio 26, 2006
Esclarecimento
Por minha responsabilidade, a “Carta Aberta a Eduardo Prado Coelho”, de Vitoriano Rosa, é publicada com nove dias de atraso. (O texto foi escrito a 17 de Maio de 2006.) No entanto, a questão continua actual.
terça-feira, maio 23, 2006
O terceiro segredo das autárquicas
Depois de longos meses de suspense em que a incerteza nos acometeu de repelão, não sem se terem degladiado as opiniões mais diversas, soubemos finalmente que se soubesse que estava a ser filmado Carrilho teria apertado a mão a Rodrigues.
segunda-feira, maio 22, 2006
'Arthur & George', de Julian Barnes
Evoco hoje brevemente o nome de Arthur Conan Doyle por duas razões. A primeira diz respeito ao aniversário do nascimento do autor, que hoje se assinala - Doyle nasceu a 22 de Maio de 1859. A segunda, porque ando a ler o romance de Julian Barnes, Arthur & George, e a narrativa não está a encher-me as medidas.
Os romances e contos de Barnes agradam-me de sobremaneira. No entanto, Arthur & George está, a meu ver, vários furos abaixo de Flaubert's Parrot, Talking it over, Channel Crossing et alia. Dos dois terços do livro que li, assisti à narração (pseudo-)biográfica do percurso de Doyle até ao sucesso literário e social e, em paralelo, ao relato da vida do advogado mestiço George Edalji, que é perseguido por racistas anónimos e incriminado por um delito que, aparentemente, não cometeu. A escrita de Barnes continua apetecível e, aqui e ali, surpreendente. Mas a sua arte de narrar não aparece aqui no fulgor que já lhe encontrei. Deixo esta ideia impressiva sem fundamentar. Mas este post não pretende ser uma página de crítica literária.
domingo, maio 21, 2006
Voltaire, tragédia, mulheres e testículos
Afiança-nos Byron que, quando questionado sobre a razão por que as mulheres não escreviam tragédias, Voltaire respondeu: pois, a composição de uma tragédia exige testítulos (cf. Letters and Journals de Byron, edição de Leslie Marchand, vol. V, 203). Gostava que Byron tivesse dito "tomates" (balls, bollocks ou algo assim); mas escreveu "testicles".
Não sei se Voltaire de facto proferiu tal juízo. Mas deixo espaço às feministas para discorrerem sobre o assunto e para invectivarem o enciclopedista.
Pronto-Socorro
Sentados em silêncio
à beira da auto-estrada,
já no escurecer do dia,
comendo iogurte de pêssego,
frio,
sem pedaços nem aroma,
e vendo os carros passar em alta velocidade,
o casal esperou por um qualquer pronto-socorro
que os tirasse daquela situação.
à beira da auto-estrada,
já no escurecer do dia,
comendo iogurte de pêssego,
frio,
sem pedaços nem aroma,
e vendo os carros passar em alta velocidade,
o casal esperou por um qualquer pronto-socorro
que os tirasse daquela situação.
A "aurea mediocritas"
Depois duma longa ausência destas lides, ao reflectir sobre um comentário da senhora outrora pássaro (acho que respiguei esta nova tradução na dama) à ideia de que a televisão era o ópio do povo (perdoe o caro sr. Pereira estar eu sempre a aureolar os comentários) que catapultou esta reflexão acerca da mediania dourada ou popular. O que é verdade é que nos queixamos muito (o plural majestático é figura de estilo, sou eu que me queixo) a propósito da mediocridade mas, e nisso não parece haver muita dúvida, ela sempre existiu.
Racionalizamos que após o iluminismo e aquele célebre projecto de “fazer sair o homem da menoridade” teríamos, não tardava um segundo, um homem novo, mais culto, mais civilizado e, a história dava-nos essa lição, o ser humano do século seguinte não parava de atirar achas para a fogueira. É sem sombra de dúvida que as duas guerras chamadas mundiais vieram arrefecer o fogacho com o conjunto de horrores que, ainda hoje, guardamos dentro da memória.
Mas, porém, o plano parecia inclinado e por mais que déssemos dois passos atrás para dar um na ladeira, chegar ao cimo parecia-nos uma inevitabilidade tão grande quanto Sísifo conseguir chegar com a pedra ao cimo do monte e concluíamos, dum modo natural, era da natureza humana o aperfeiçoar-se.
Mas perguntam-me agora: e depois? Depois o que podemos concluir é que a filosofia e a ciência ainda não captaram eficientemente a essência da natureza humana e, por essa razão, nada podemos fazer a não ser lastimar a “dona mediocridade”.
É estranho, mas, não percebo porquê, tenho um impulso, à maneira freudiana, que me compulsa a falar dos deputados. Ele há coisas…
Racionalizamos que após o iluminismo e aquele célebre projecto de “fazer sair o homem da menoridade” teríamos, não tardava um segundo, um homem novo, mais culto, mais civilizado e, a história dava-nos essa lição, o ser humano do século seguinte não parava de atirar achas para a fogueira. É sem sombra de dúvida que as duas guerras chamadas mundiais vieram arrefecer o fogacho com o conjunto de horrores que, ainda hoje, guardamos dentro da memória.
Mas, porém, o plano parecia inclinado e por mais que déssemos dois passos atrás para dar um na ladeira, chegar ao cimo parecia-nos uma inevitabilidade tão grande quanto Sísifo conseguir chegar com a pedra ao cimo do monte e concluíamos, dum modo natural, era da natureza humana o aperfeiçoar-se.
Mas perguntam-me agora: e depois? Depois o que podemos concluir é que a filosofia e a ciência ainda não captaram eficientemente a essência da natureza humana e, por essa razão, nada podemos fazer a não ser lastimar a “dona mediocridade”.
É estranho, mas, não percebo porquê, tenho um impulso, à maneira freudiana, que me compulsa a falar dos deputados. Ele há coisas…
sexta-feira, maio 19, 2006
O regresso de Diógenes
Fiéis leitores, o Tonel estará de volta ao activo muito em breve. Há já um texto fortíssimo de Vitoriano Rosa a caminho e outras ideias a germinar. Como Ulísses, também voltaremos a este nosso lugar dilecto depois de resistir aos "cantos de sereia" que nos tentam nesta vida e que nos afastam do caminho certo.
O quadro é de Herbert Draper e intitula-se... Ulísses e as sereias (quem diria!).
quarta-feira, maio 03, 2006
Pergunta não sei se pertinente
Já alguém tinha ouvido falar da Transnístria, encravada entre a Moldávia e a Ucrânia. Eu também não e o que ouvi deixou-me estupefacto. Armamento convencional e nuclear ao arbítrio de meia dúzia de iluminados que, pelo que parece (isto é, na perspectiva do jornalista que engendrou a reportagem), governam o país com mão de ferro. Um verdadeiro paraíso para o tráfico de armas.
terça-feira, maio 02, 2006
A televisão é o ópio do povo ou uma palavra vale mil imagens
Já fez mais de uma centena de anos que Marx, para caracterizar o alheamento em que as classes trabalhadoras se encontravam da realidade social, apelidou a religião de ópio do povo. Para este autor a religião tinha um efeito anestésico sobre as consciências impelindo-as ao conformismo e à resignação. Além disso, a religião funcionava como um verdadeiro instrumento do poder, no sentido em que Bourdieu e Passeron classificaram a violência simbólica e as formas de inculcação de valores sociais “politicamente correctos” (leia-se, daquilo que os políticos acham correcto).
Ora bem, como se depreende pelo título, a minha tese é que a televisão ocupa, no final do século passado e início deste, o papel que o teórico comunista assacava à religião. Senão vejamos, não sei se já vos ocorreu que a moda dos telejornais em passarem “todas as desgraças do mundo” implica, implicitamente, a ideia da nossa própria felicidade que escapamos a esse cataclismo diário de “horrores” e, neste sentido, poderíamos afirmar com Pangloss (ou com Leibniz para os mais atentos) que “vivemos no melhor dos mundos possíveis”.
Por outro lado, a noção da televisão como “puro entretenimento” não aponta, exactamente, para o mesmo sentido. Não somos “adormecidos” quotidianamente pelas telenovelas, telefilmes, circos de “celebridades” (mas eu não conheço nenhum daqueles finórios!) e pantominas e, muito raramente, podemos ver um filme do qual podemos exclamar: “benza-te Deus” (aqui a noção religiosa é um mero recurso estilístico).
Já constataram que “a caixa que mudou o mundo” cada vez mais não nos fornece programas que, pela sua excelência ou pela sua oportunidade político-social, nos levem a reflectir sobre eles e, digamo-lo de passagem, os pretensos programas culturais ou de reflexão são tão maus que só nos apetece exclamar que venha o diabo e escolha.
Ora bem, como se depreende pelo título, a minha tese é que a televisão ocupa, no final do século passado e início deste, o papel que o teórico comunista assacava à religião. Senão vejamos, não sei se já vos ocorreu que a moda dos telejornais em passarem “todas as desgraças do mundo” implica, implicitamente, a ideia da nossa própria felicidade que escapamos a esse cataclismo diário de “horrores” e, neste sentido, poderíamos afirmar com Pangloss (ou com Leibniz para os mais atentos) que “vivemos no melhor dos mundos possíveis”.
Por outro lado, a noção da televisão como “puro entretenimento” não aponta, exactamente, para o mesmo sentido. Não somos “adormecidos” quotidianamente pelas telenovelas, telefilmes, circos de “celebridades” (mas eu não conheço nenhum daqueles finórios!) e pantominas e, muito raramente, podemos ver um filme do qual podemos exclamar: “benza-te Deus” (aqui a noção religiosa é um mero recurso estilístico).
Já constataram que “a caixa que mudou o mundo” cada vez mais não nos fornece programas que, pela sua excelência ou pela sua oportunidade político-social, nos levem a reflectir sobre eles e, digamo-lo de passagem, os pretensos programas culturais ou de reflexão são tão maus que só nos apetece exclamar que venha o diabo e escolha.
E para cúmulo ainda nos querem convencer que uma imagem vale mil palavras.